sexta-feira, 15 de junho de 2007

A Pedra do Reino

A Pedra do Reino é a nova microssérie de Luiz Fernando Carvalho, baseada na obra de Ariano Suassuna. O conceito visual é arrojado, brilhante e inovador - possivelmente único na TV mundial. Como em outras obras de Carvalho, mistura diferentes estéticas como teatro, dança, música, folclore e da própria TV numa edição ágil com colagens de diferentes cenas sempre ressaltando um universo onírico.

O projeto é complexo: a estética e os diálogos são virtuosos, por vezes confusos - é necessária muita atenção. O grande problema é a captação precária do áudio: como em outros projetos do diretor, há muitos momentos nos quais fica impossível entender o que é dito. A mixagem do áudio também é ruim: se aumentamos o volume para ouvir um diálogo, no momento seguinte uma intervenção musical aparece excessivamente alta. E esse é um grande problema: o conceito já é complexo, então a dificuldade no entendimento das falas torna o acompanhamento da série penoso.

Além disso, temos a sempre desrespeitosa e arrogante grade de horários da TV Globo: a série só passa de 3a à 6a; estreou na 3a feira às 22h30 e teve 1 hora de duração; na 4a, iniciou-se às 23h45 e terminou à meia noite e quinze (meia hora...). Na 5a e 6a feira uma hora de duração, mas começando 22h55 na 5a e no dia seguinte 23h05. Horários exdrúxulos e na hora do soninho. Depois reclamam da má audiência...

Uma pena que uma pequena obra prima tenha problemas técnicos tão graves e seja maltratada pela grade de programação. Vou ter que esperar o DVD, se sair.

2 comentários:

  1. Olá, Rafael! Primeiramente, obrigado pela visita ao meu blog.

    Gostei da abordagem que você fez no caso de "A Pedra do Reino". Está aí uma coisa que me incomoda um pouco, e que já discutí algumas vezes no blog do Piza.

    Por que a linguagem cultural não pode ser mais popular? Além dos problemas que você citou, achei a microséries um tanto elitista, de difícil compreensão para o telespectador mais simples, que é a grande maioria.

    O futuro da Tv Aberta, já escreví isso no blog, é a popularização cada vez maior. Mas com qualidade. No casa d'A Pedra, há qualidade, mas não há a linguagem popular.

    Uma vez perguntei no blog do Piza por que não dava para falar em Proust e Nietsche sem paracer arrogante, cansativo e elitista. As respostas foram de que "Não é a cultura que tem que se rebaixar, mas sim a população que precisa evoluir". Mas como, se não lhes dão chance?

    Grande abraço! Voltarei aqui mais vezes, certamente!

    Cesar
    blogdocesar.blogsome.com

    ResponderExcluir
  2. Pra quem levanta 5:30 da manhã como eu só vi mesmo as chamadas. Venho lendo na internet que a audiência simplesmente despenca quando começa a tal microssérie, mas não acredito que seja pela qualidade, mas sim pelo horário. Como não assisti, só posso comentar sobre o que eu li. Achei legal o fato de terem escolhido apenas atores locais e mão de obra local. Legal também o fato de ter gerado uma expectativa em um cara como eu, que não sou muito de gostar dessas coisas... Espero que o DVD saia logo.

    ResponderExcluir