sexta-feira, 29 de junho de 2007

O Fim do NoMínimo

O NoMínimo acabou de vez. Uma pena. Era um dos meus "saites" favoritos, com ótimos colunistas e uma boa proposta. Talvez tenham errado na busca de patrocínio, em contar apenas com apoio de banners ou patrocinadores fixos. E talvez eu não tenha entendido a piada, mas achei meio desnecessário o tom do texto de despedida, quase pedindo esmola. Equívocos à parte, fica a sensação de que o NoMínimo marcou seu nome, marcou uma época.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Baixio das Bestas



O universo do cinema de Cláudio Assis já foi mostrado no bom Amarelo Manga: pobreza, marginalidade, hipocrisia, violência, sexo, decadência. Dessa vez, ao invés de retratar a Recife urbana, mostra uma comunidade no interior do Pernambuco, ainda presa aos vícios da economia latifundiária da cana, já decadente. Ali, um universo de de aparente marasmo permeado por comportamentos conturbados.

Também entra na categoria “cinema de peladice”. Se a maioria das cenas de nudez se encaixa na proposta do filme, achei algumas gratuitas. E, como em Amarelo Manga, é preciso estômago: há três cenas de estupro e vários momentos de exploração infantil.

Achei pelo menos 2 cenas brilhantes: a de abertura e a de encerramento, quando amigos conversam olhando a chuva, numa aparente calmaria, em contraponto ao desfecho da história. Também interessante a do acidente do avô.



Impossível não comparar Baixio das Bestas com Cão Sem Dono, já que são dois filmes recentes elogiados, e que vi com poucos dias de diferença. Prefiro Baixio, que acho mais “completo”: atuações marcantes (incluindo Irandhir Santos, brilhante tanto coadjuvante no filme quanto protagonista em Pedra No Reino), bela fotografia, um filme mais definido, memorável. Mas, certamente, são dois filmes marcantes para o cinema nacional.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

A Torcida Grita


Danilo Moraes e Ricardo Teté venceram o conturbado Festival da TV Cultura de 2005 e, para receber o prêmio, foram contemplados por sonoras vaias pelo público, que já tinha escolhido seu “próprio” vencedor. E é isso o que acho mais chato em festivais: a torcida, que defende suas preferidas por serem supostamente “de qualidade”, mas mais se aproximam de arruaceiros torcedores de futebol do que amantes da música com bobagens como vaia, xingamentos e gritos de ordem. Prêmios valem para os que ganham, mas o que vale mesmo é a apresentação de novos artistas e músicas. Controvérsias a parte, a dupla lançou A Torcida Grita, que apresenta músicas melhores que “Contabilidade”, a vencedora. Os jurados miraram na música e acertaram no disco. Nem sempre (quase nunca) a voz do povo é a voz de Deus.

O CD não veio para salvar a tal da MPB. E se alguém espera uma revolução musical, pode parar por aqui. Mas o disco oferece um punhado de boas canções apenas à espera de serem conhecidas. Se em “Nem Que A Vaca Tussa” e “Sisudo” há um deja vu forte demais de Lenine, em “Arredondamento”, “Tintim”, “Sempitermo”, “Relativismo” e a ótima “Teresa e a Torcida” é mostrada a força da dupla, com boas melodias e letras inteligentes e bem humoradas. “Viva A Vaia”, uma das melhores, mostra boa ironia sobre o festival: “Quem pediu silêncio no Maracanã se engana (...) Quem quiser dar queixa com o ministro aproveite a deixa (...) Quem pediu silêncio ouviu a vaia e viva a vaia”. Um belo tapa musical na cara dos críticos. Viva a vaia!


Ouça “Viva a Vaia”:



Cão Sem Dono


O novo filme de Beto Brant (veja trailer), em parceria com Renato Ciasca, está sendo aclamado pela crítica especializada. É basicamente um filme sobre o nada, uma sucessão de eventos banais (com poucas exceções). Achei isso interessante: a forma como os diretores montaram uma série de fatos sem importância e construíram uma história, mostrando intimidades e flashes do cotidiano. Mas acho que está sendo superestimado.

Estou com um pouco de preguiça de filmes brasileiros “intimistas”, com a câmera na mão meio bamba, atores semi-profissionais – e nesse filme, as atuações são fracas, faltou algo; podem até dizer que a intenção foi essa, mas acho que passou do ponto. O final, então, é uma das coisas mais constrangedoras que já vi. Não achei nenhuma cena realmente memorável – há, claro, boas cenas, como o pai contando sua história de excessos, os pais desesperados “salvando” o filho, as cenas de paixão (para não dizer fornicação), mas nada realmente brilhante.

E me perdoem o machismo agora: é claro que é bom ver uma bela mulher nua. O problema é que os filmes nacionais atuais parecem ter necessidade de mostrar gente pelada e cenas de sexo, quase uma “pornochanchada cult”. É claro que há casos em que a nudez faz parte; Cão Sem Dono é um deles – as cenas íntimas nos fazem entrar na paixão do casal. Mas quando muitos filmes “sérios”, “de autor” começam a apresentar isso, começamos a questionar esse efeito “peladice” nos filmes brasileiros. Enfim, acredito que o saldo de Cão Sem Dono é positivo, mas não tanto quanto dizem.

Músicas sem DRM vendem muito mais.

Até que enfim alguém da indústria falou com todas as letras.

(Também no Subsolo2.)

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Luciana Souza musicando poemas de Neruda

Para começar bem a semana, Luciana Souza em música composta por ela, faixa do disco em que musicou poemas de Pablo Neruda:

sexta-feira, 15 de junho de 2007

A Pedra do Reino

A Pedra do Reino é a nova microssérie de Luiz Fernando Carvalho, baseada na obra de Ariano Suassuna. O conceito visual é arrojado, brilhante e inovador - possivelmente único na TV mundial. Como em outras obras de Carvalho, mistura diferentes estéticas como teatro, dança, música, folclore e da própria TV numa edição ágil com colagens de diferentes cenas sempre ressaltando um universo onírico.

O projeto é complexo: a estética e os diálogos são virtuosos, por vezes confusos - é necessária muita atenção. O grande problema é a captação precária do áudio: como em outros projetos do diretor, há muitos momentos nos quais fica impossível entender o que é dito. A mixagem do áudio também é ruim: se aumentamos o volume para ouvir um diálogo, no momento seguinte uma intervenção musical aparece excessivamente alta. E esse é um grande problema: o conceito já é complexo, então a dificuldade no entendimento das falas torna o acompanhamento da série penoso.

Além disso, temos a sempre desrespeitosa e arrogante grade de horários da TV Globo: a série só passa de 3a à 6a; estreou na 3a feira às 22h30 e teve 1 hora de duração; na 4a, iniciou-se às 23h45 e terminou à meia noite e quinze (meia hora...). Na 5a e 6a feira uma hora de duração, mas começando 22h55 na 5a e no dia seguinte 23h05. Horários exdrúxulos e na hora do soninho. Depois reclamam da má audiência...

Uma pena que uma pequena obra prima tenha problemas técnicos tão graves e seja maltratada pela grade de programação. Vou ter que esperar o DVD, se sair.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Futuro da Música

Está em ampla divulgação na mídia a loja de venda de música da TIM. Esse deve ser o futuro da música: venda direto para o celular, o centro de entretenimento do momento - não à toa a Apple lançou o iPhone, percebendo que tocadores avulsos não são a saída.

Assim, no Brasil - onde é mais fácil comprar celular moderno do que computador com banda larga, a venda de música em massa deve pular a etapa de venda de MP3 para computador/tocadores direto para celulares. O valor de adquiri-las ainda é alto, mas deve cair. Dessa vez as gravadoras estão atentas - quem sabe não está aí uma solução para amenizar a crise da indústria fonográfica?

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Só São Paulo faz por você...

Os clichês sobre a cidade de São Paulo se aplicam sempre: trânsito irracional, poluição ambiental e sonora em níveis desastrosos, manifestações de violências diversas, sujeira, desorganização urbana....Mas tem coisas que só São Paulo faz por você. E uma delas ocorreu na última terça, dia 05 de junho: show de voz e violão de dois dos maiores músicos do planeta, Luciana Souza e Romero Lubambo, no ótimo Teatro do Sesi a um preço de R$ 3,00 (sim! TRÊS reais!!!). E a apresentação suplantou a expectativa: já tocando no formato duo há 11 anos, os músicos têm entrosamento invejável, parecem um só – um aponta uma intenção e o outro segue na hora. É um prazer imenso ver Luciana Souza ao vivo – uma das grandes cantoras brasileiras, é a prova que cantar passa longe de apenas “voz boa” e merece muito estudo e preparo; seu virtuosismo vocal é impressionante, mas, mais do que mera exibição de técnica ela mostra profundo controle sobre a voz em interpretações repletas de dinâmicas. Romero também impressiona na execução tanto de violão quanto guitarra, com total domínio dos instrumentos, intensa variação rítmica e improvisos de tirar o fôlego. Por vezes o show pareceu excessivamente “para gringo”, com muitas músicas já batidas de Tom Jobim, por exemplo, mas nada que comprometesse – principalmente pelos arranjos beirando a desconstrução das mesmas (o que pode desagradar a muitos). No final das contas um show histórico e primoroso para esquentar uma 3ª feira fria. Para quem quiser, repetem a dose amanhã, no Borboun Street, por R$ 95,00.