quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Por um novo pop, por uma nova música

O que há de novo na música? Mesmo com a revolução da Internet continuamos habituados a consumir certos tipos de música. Seja por uma questão cultural, social, pelo que ouvimos desde sempre, seja pelo que indicam num blog, dica de amigos, os jornais que repetem o que sai no New York Times, na Rolling Stone, na NME, etc, que repetem o que vem por acessoria de imprensa, há o vício da "agenda" (o lançamento, o 'agora' é o que importa), etc. Por mais artistas que conheçamos, sempre seguimos um certo padrão, ou melhor, certos padrões. E há muita coisa que nem tomamos conhecimento - não só pelo excesso de informação, mas pelos tais "padrões", nossos preconceitos.

No momento, o que dizem que "pega" no pop é o que os EUA estão escutando - o hiphop. Então haja participações do chato Timbaland, repetição de beats, idéias, conceitos - tudo fica muito igual, mas querem nos dizer que isso é o que é o bom. Qual a grande diferença musical entre Justin Timberlake, Jay-Z e Nelly Furtado? As diferenças existem, mas estão nos detalhes. As temáticas, batidas, cadências, clips e sons, se repetem. E, claro, não só no pop, em todos os estilos - até mesmo em artistas e estilos que gostamos tanto. Seria essa repetição preguiça? Um sinal dos tempos?

Digo isso, pois achei no You Tube a versão original de uma música que o Jeff Beck gravou no disco You Had It Coming, de 2000. A música se chama "Nadia" e eu acho ótima, tem interpretação sublime:




E a seguir a versão original, numa apresentação de Nitin Sawhney e Reena Bhardwaj
, de 2003. Pelos nossos padrões, temos uma primeira reação de estranhamento com a interpretação da cantora: os traços de seu rosto não são os que estamos acostumados, o tom da voz e as linhas rítmicas e melóticas estão em total "desacordo" com o que nos habituamos a ouvir. Mas eu achei excelente, ainda mais numa abordagem instrumental que mistura pop e eletrônico, mas é tocada ao vivo por músicos!



E a partir disso, estou conhecendo o trabalho de Nitin Sawhney e tenho gostado. É um pop, com influências eletrônicas e de batidas de hip hop - as referências são perceptíveis, mas ele evita os clichês. Tem músicas bem feitas e arranjos caprichadísmos. Uma grata surpresa. A seguir a música "Jorney" do disco Philtre, de 2005. Bela canção, com um clima cinematográfico:




segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Radiohead e o quer pagar quanto

Do Subsolo2: o Radiohead disponibiliza seu novo disco de graça na Internet, ou melhor, paga quem e o quanto quer. Inegavelmente é uma das iniciativas mais interessantes do últimos tempos na tentativa de criar uma nova mentalidade de consumo da música. Mas é preciso fazer algumas observações:

1) É bem mais "fácil" para o Radiohead fazer isso - já tem nome, apoio da crítica e ampla base de fãs. Não sei se uma banda iniciante conseguiria fazer o mesmo;
2) A iniciativa não consegue impedir a "commoditização" da música: é muita oferta e cada vez com mais livre acesso. Assim, o valor agregado da música cai cada vez mais para a massa de consumidores. A "doação" como pagamento só incentiva essa tendência;
3) De início pode surtir resultado. Mas como consequência do item 2, quanto mais artistas aderirem à iniciativa, menos os consumidores estarão dispostos a pagar - olha o excesso de oferta aí de novo.

Repito que é uma bela iniciativa, principalmente vinda de uma banda importante. Mas só com o tempo saberemos quais seu impactos.