sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Paralamas e Titãs - Via Funchal - 24 de novembro de 2007


Semana passada fui ao show comemorativo de 25 anos dos Paralamas e Titãs. O Via Funchal estava lotado, como há muito eu não via. A apresentação foi ótima, bem pesada, com hits e conseguiu ser concisa, mesmo com duas bandas e mais de 2 horas de show.

Estiva lá basicamente pelos Paralamas, de quem sou fã há tempos - segundo diz minha mãe desde que tenho 4 anos e dizia que seria roqueiro ao ouvir "Melô do Marinheiro". Crianças...Obviamente não sou um fã cego, não acho que seja a melhor banda do mundo, sei das falhas, das músicas ruins. Mas hoje também percebo certas sutilezas que não enxergava antes, como uma música aparentemente boba como "Lourinha BomBril" pode apresentar um caldeirão bem temperado de ritmos latinos. Tocaram algumas de minhas preferidas como "Caleidoscópio", "Mensagem de Amor" (ambas com Andreas Kisser) e "Ela Disse Adeus".

E ver a evolução do Herbert pós-acidente chega a ser comovente. Executou uma fantástica versão do solo de Lanterna dos Afogados, cantou suas canções e a dos outros com tranquilidade, interagiu com o público...E se confundiu-se na hora de entrar na 2a música (seria "O Calibre" e ele começou "Selvagem") não foi mais do que seus colegas. Ainda dá para ter um pouco de esperança com o ser humando.


O show contou com a participação de Arnaldo Antunes, Andreas Kisser e um emocionado Marcelo Camelo. Todas valeram mais pela celebração, pelo "oba-oba", do que pela contribuição musical.

Como nunca gostei muito de Titãs, destaco a presença de palco do Paulo Miklos e as músicas "Marvin" e "Diversão", que abriu muito bem o show. E apesar de achar a música "A Melhor Banda Dos Tempos Da Última Semana", acho a letra boa, com boas sacadas - ainda que não seja brilhante. Minha frase favorita é "Um idiota inglês é melhor que eu e vocês" que ilustra bem o quanto certa parte da imprensa celebra qualquer lixo que vem da Inglaterra, principalmente se for exaltado pela NME.

Enfim, a noite do dia 24 mostrou que mesmo que essas bandas possam ter passado do seu auge criativo podem fazer grandes shows e ainda nos apresentar boas canções pop. De minha parte, espero isso principalmente dos Paralamas.

Fonte das fotos: paulakorosue, no flickr

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Dando música de graça

A medida do "pague o quanto quiser" do Radiohead pode ser um novo marco do fim do pagamento direto de músicas pelo consumidor, como foi o Napster há 10 anos. De certo modo, ao invés de um "quanto você acha que vale?" é um "estou te tando, só pague se quiser". Até agora, só 38% das pessoas pagou. Não se sabe se isso é bom ou ruim, ainda não há parâmetros comparativos.

O Autoramas, banda brasileira, disponibilizou toda sua discografia para download gratuito. Acho isso tudo uma depreciação da música: todo aquele trabalho da composição ao lançameto acaba não valendo nada. Mas é muito possível que essa seja a nova cara do consumo da música: de forma gratuita, ela acaba sendo sua própria divulgação. Ao invés de tocar em rádio, passar na TV, é só dar um pulo no site e baixar. Uma mídia como CD, USB e afins acaba sendo um cartão de visitas, que se entrega de mão e mão também de graça. Eventualmente os fãs mais fiéis e quem ainda trata a música com mais valor pode comprar.

Isso é reflexo da facilidade de gravação: hoje qualquer um faz música (sabendo ou não tocar um instrumento), provocando um excesso de oferta, banalização e nivelamento por baixo. É quase um paradoxo: quanto mais as pessoas ouvem músicas (youtube, Mp3 player, baixando de graça), quanto mais entram em contato com ela, menos valor absoluto ela tem, menor é impacto gerado. E ainda há uma enorme gama de concorrentes no quesito prazer: video-games, restaurantes, shows, raves, micaretas, e etc, etc, etc.

Pensando bem, no final das contas a maioria da música existente hoje realmente não vale sequer 1 centavo de real.

Aguardemos cenas dos próximos capítulos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Björk no Tim Festival 2007

Retomando o assunto de alguns posts atrás, o Tim Festival 2007, comentando o show da Björk.

Fui para vê-la e não me decepcionei em nada. Foi um ótimo show, tanto em produção quanto na performance. É uma grande cantora e uma artista única. Tenta ser diferenciada sempre, tanto na roupa e imagem quanto na música; está à frente da maioria do que é produzido hoje em música popular – consegue colocar inteligência e sutileza num estilo tão maltratado.

Enquanto muitas cantoras fazem pose de diva e outras querem ser o novo ícone pop (correndo atrás de Madonnas, Britneys, Beyonces e afins), Björk é Björk. Tem personalidade única, é sempre arrojada – inclusive daí saindo seus erros. Há quem ironize suas roupas, mas será que as críticas não são por elas serem diferentes da massificação e padronização que enfrentamos?

Há os que adoram Björk – eu incluso, mas sem cegueira de fanáticos. Há quem odeie – com conhecimento de causa do “ouvi e não gostei”. E há os que dizem gostar sem nunca terem ouvido – só para tentar ser cool – e há os que dizem que odeiam sem sequer ter ouvido um disco. Björk, como toda grande artista, tem várias facetas, muitos acertos e alguns erros, claro. Incentivo as pessoas a ouvirem com atenção, sem preconceito.

Sua postura no palco consegue combinar uma delicadeza, aparente ingenuidade até, com toques de agressividade. E vê-se que ela está lá pela música, não pela exposição. Muita gente não entendeu a apresentação, talvez por estar numa noite mais roqueira, ou por ser diferente, mesmo. Cerca de metade do show foi num clima diferente do disco novo, Volta, que tem sonoridade mais agressiva e suja em boa parte das músicas. Foi mais contemplativo, intimista, mas o gigantismo do evento e da própria produção deu uma quebrada nisso. Teve espaço para Björk ora cantar apenas com teclado (que simulava um cravo), ora acompanhada pela sessão de sopro. Nesse “clima”, minhas preferidas foram “The Pleasure Is All Mine”, “Desired Constellation”, “Hunter”, “Pagan Poetry” e “Jóga”. E também houve tempo para as músicas mais agitadas, como “Earth Intruders”, a chatíssima “Innocence”, “Pluto”, “Declare Independence”, “Army of Me” e a parte final de “Hyperballad”, que, acompanhada de chuva de papel picado, quase transformou o evento numa rave, levando ao delírio até os distraídos – e provando que muita gente estava, mesmo, mais pelo evento do que pela música. Embora tenha ficado a sensação de que ela estava um pouco deslocada naquele contexto, foi um fantástico show.

Fonte das fotos
(usuário wikibjork, no flickr)

domingo, 11 de novembro de 2007

Clássicos Personnalité: Erudito, Jazz e Choro

O projeto Clássicos Personnalité consiste em uma série de concertos de câmara aliados à música popular mundial. A Taís foi ver a abertura, o tango e o primeiro sobre MPB. Eu vi o jazz e o choro. A idéia é realmente interessante: unir o que se costuma chamar de música clássica ao que se chama de música popular – conceitos repletos de preconceitos de ambos os lados. No dia 04 de outubro foi celebrada uma união já conhecida: o clássico e o jazz. Para tanto, foram escalados talentos de diversas gerações e culturas: da pianista croata Sanja Bizjak, de 19 anos a uma figura importante do jazz norte-americano, Lee Konitz, de 80 anos, passando por um de seus grandes parceiros, Ohad Talmor (saxofonista, clarinetista e compositor), 37, francês, filho de israelenses, radicado na Suíça e EUA. Leia mais...

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A "Arte" de matar um cachorro

Pelo blog do Dagomir Marquezi (também publiquei no Subsolo 2) vi que um artista da Costa Rica, Guillermo "Habacuc" Vargas, deixou um cachorro morrer de fome, chamou isso de arte e foi escolhido para representar a Costa Rica na Bienal Centroamericana Honduras 2008. Sua argumentação foi ridiculamente cínica: "O que me importa é a hipocrisia das pessoas. Um animal assim vira o centro das atenções quando está em um local onde as pessoas querem ver arte, mas ninguém ligaria se ele estivesse passando fome nas ruas".

É patético como sob a proteção das palavras "arte", "hipocrisia" e "protesto" o ser humano se permite aberrações como essa. Qual será o próximo passo? Deixar uma criança morrer de fome enquanto os visitantes tomam champagne só para protestar contra o abandono dos meninos de rua? No final, o "artista" conseguiu o que queria: ser comentado.

Para assinar uma petição on line contra sua indicação à Bienal Centroamericana Honduras clique aqui.

Tim Festival 2007 - São Paulo

Semana passada fui ao Tim Festival, na chamada "Arena Anhembi", que não passa do estacionamento do Anhembi. Como sempre, o que prevaleceu foi o "evento" sobre os shows, o gigantismo de marca que prefere entulhar diferentes bandas em horas intermináveis de shows a apresentar boas e enxutas performances.

Cheguei às 20hs e o último show acabou às 5 hs da 2a feira. Totalmente non sense e cansativo. A mescla de bandas também não funcionou. As duas primeiras não tiveram grande público e muita gente não entendeu o show da Bjork. Seria muito mais coerente colocar uma só noite com Julliete and The Licks, Arctic Monkeys e The Killers, alocando os demais para outros locais e dias. Preferia ter visto Bjork numa outra circunstância, num outro clima.

A organização pecou, como usualmente ocorre em eventos de grande porte. Os banheiros eram péssimos: os químicos são sempre ruins, e o contruído - já existente no local - esteve quase sempre alagado. Havia uma grande fila do lado de fora, mas, embora andasse bem, ficou estranho perceber que a partir do acesso à arena em si quase não havia ninguém. Difícil de entender por que não houve organização da fila desde fora. E antes do show do The Killers todas as bebidas acabaram - refresco só a água de torneira do banheiro. Aqui, no blog da Ilustrada, da Folha, reclamações sobre isso e resposta da organização.

Shows

Não vi o 1º show, do Spank Rock, e o 2º, do Hot Chip, vi, mas achei ruim, uma maçaroca sonora. E por problemas no som saíram do palco repentinamente, por cerca de 20 minutos, para voltar depois – comprometeu ainda mais sua apresentação.

- Björk

Vou comentar num post à parte, depois.

- Juliette and the Licks

Foi quase unânime que o show dela foi ótimo. Eu disse quase unânime. Eu já achava, antes de começar, que ia ser fraco, como foi. A banda e ela são esforçadinhas, mas acho a música fraquíssima e ela, vocalmente, também. Só que ela usa a cartilha básica do rock: berrar muito, se jogar no chão, rebolar, mostrar a bandeira do Brasil, ser simpática com o público, puxar o saco das bandas seguintes. E isso engana muita gente. Vou dar uma colher de chá: foi até um show legalzinho, mas fraco de uma maneira geral.

- Arctic Monkeys

Continuo achando excessivos os elogios à banda. É apenas OK. Alguns riffs e músicas até me lembram alguma coisa do Autoramas aqui do Brasil. Mas o show prova um pouco o porquê de tantos elogios: é muito bom, e muito, mas muito melhor que os discos. Foram diretos, fortes, sem lengalenga, sem demagogia com o público. Musicalmente continua não em atraindo, acho repetitivo, o vocal monótono, guitarras em geral fracas, meio “velho” demais, mas provou sua qualidade ao vivo.

- The Killers

Show comprometido por começar às 4 da manhã. Havia vários fãs da banda, então jogaram para torcida. Achei muito ruim. Tinha curiosidade de vê-los, mas parece que só “Somebody Told Me” é boa – e olhe lá. O resto é péssimo, muito brega, popinho barato. O show foi cheio de breguices e excessos - parece que eles querem ser o Queen. Mas não têm um Freddie Mercury. Nem um Brian May. Nem um John Deacon. Nem um Roger Taylor. E nem as música do Queen. No final das contas parece ser uma banda que quer apenas (se) divertir, sem grandes pretensões. Mas até a despretensão tem limite.



domingo, 4 de novembro de 2007

Björk - Hyperballad

Fui no Tim Festival no domingo passado para ver Björk. Depois comento aqui. Por enquanto, um vídeo dela. Uma de minhas músicas favoritas, um de seus maiores sucessos - "Hyperballad" - no programa de Jools Holland, da época do lançamento do disco Post.