sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

White Stripes, Icky Thump e a unanimidade burra

Boa parte da crítica do rock (isso existe?) quer nos enfiar goela abaixo que o novo disco do White Stripes, Icky Thump, é sensacional. Mas é um lixo. Querem que acreditemos que essa banda é o máximo. Não é. Com boa vontade, dá até para dizer que tem umas três ou quatro lampejos de boas canções. Mas, além de ser pouco pelo que é alardeado, são tão porcamente executadas que fica difícil ouvir. E avaliar Jack e Meg White como instrumentistas é como opinar sobre aquele seu sobrinho de 8/10 anos que tem aula de guitarra/bateira há uns seis meses. Ela tocando bateria é de uma infantilidade inacreditável. E já li que Jack White seria um virtuoso da guitarra. Lamentável... Mas, felizmente, não estou só contra essa porcaria branca e vermelha, nem serei inédito ao escrever sobre eles. O Mário Marques já escreveu aqui mesmo neste Digestivo o quão ridícula é a banda. Detalhe: há três anos. De lá pra cá, o endeusamento da dupla podre só aumentou. Lá estão observações importantes, principalmente como a "estética" (hein!?) punk predomina como exemplo a ser seguido e como uma certa turminha quer impor certos estilos e bandas como imprescindíveis. Leia mais...

sábado, 15 de dezembro de 2007

Um Bom Ano - Ridley Scott


Assiti "Um Bom Ano", de Ridley Scott, no começo de 2007 e revi novamente agora na TV. Não é um filme de roteiro ou enredo. Tem uma história batidíssima: um homem ambicioso (Max Skinner – Russel Crowe), arrogante, anti-ético e que não confia em ninguém trabalha no mercado financeiro de Londres ganhando milhões de Libras. Pelo falecimento de seu tio Henry (Albert Finney) tem de voltar a um lugar paradisíaco no qual passou grandes momentos de sua infância e lá reflete sobre seus valores encontra o amor de sua vida, uma bela moça que também tem problemas de confiança. Ambos enfrentam o problema de terem estilos de vida completamente diferentes. O final é obviamente feliz, num desfecho clichê, um dos mais babacas, rasos e sentimentalóides que já vi. Ainda assim, já entra na lista dos meus filmes preferidos.


Um grande diretor é capaz de fazer muito com pouco e acho que Ridley Scott conseguiu nesse filme. Não é só pela história e diálogos que se faz um filme, mas também pela fotografia, condução e montagem do mesmo, e é aqui que reside sua virtude. O diretor faz um belo contraponto entre o visual etéreo, monocromático, artificial do trabalho do personagem - um ambiente acelerado num cenário de designs modernos, corporativos, descartáveis e sem grandes contrastes - e o vinhedo francês que é quente, cheio de cores, cheiros, comidas de sabores distintos, com iluminação viva, tudo num ambiente contemplativo no qual cada canto, cada móvel tem sua história.

É o ponto alto do filme, pois mesmo sem se estar lá para comer, beber ou sentir os cheiros e o clima, é possível absorver isso tudo só assistindo. É o motivo de eu achar filme uma delícia. E o modo como são montadas as lembranças contidas na memória afetiva do personagem por meio de aromas, visões e sensações ajuda a dar um clima caloroso e aconchegante à película. Além das belas mulheres, claro.

São significativas duas seqüências: quando Francis Duflot (Didier Bourdon) diz que Henry afirmara que o sobrinho não era mais confiável porque havia perdido a capacidade de apreciar os pequenos prazeres da vida. E a da reunião final de Max com seu chefe, que se gaba de ter um Cézanne original, mas que fica guardado em seu cofre. O personagem de Crowe pergunta: “Quando você vê o quadro original”? O velho e infinito conflito "ter x ser".

Ainda que não seja um filme genial e tenha falhas, é despretensioso, toca em pontos interessantes e expressa muito bem uma gama diversa de sensações via imagens. Repito: já é um dos meus preferidos. É uma delícia.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Steve Vai - Bourbon Street - 06 de Novembro de 2007


No início do mês passado Steve Vai fez mais um ótimo show em São Paulo, no Bourbon Street. Apesar do palco ser baixo demais - quase não vi sua guitarra - foi sensacional vê-lo num lugar pequeno, só com fãs, podendo até ouvir instrumentos de forma quase "pura", sem o PA - por muitas vezes foi possível sentir a bateria, por exemplo.

Ele foi um dos heróis da minha adolescência e continuo gostando de sua música até hoje, embora com uma energia menor. É um fenomenal guitarrista e muito bom compositor - suas músicas são rocks vigorosos e muitas delas tem melodias, harmonia e estruturas próximas do pop, por serem bastante palatáveis, mas sem apelações. São raríssimos os guitarristas que conseguem ser tão expressivos com o instrumento - ele fala, chora, grita com ela. Há quem seja mais rápido, mais técnico, mais criativo, mais arrojado. Mas não há no rock quem fale por meio guitarra como ele.


É um músico de excessos.
Em certos momentos passa do bom gosto para o brega tanto em suas roupas e atuações quanto nas músicas. Talvez por ter surgido nos anos 80 e tocado com ícones de um rock mais pomposo - como David Lee Roth e Whitesnake - tem um lado farofa que às vezes extrapola. Mas faz parte de sua personalidade - é um showman. Na apresentação do Bourbon houve até espaço para esquetes de humor - que pareciam mais uma performance num cassino em Las Vegas do que um show de rock.

Mas, musicalmente, o show do Boubon não trouxe decepção. A banda é fora-de-série, quebrou tudo, quase trouxe abaixo o local, com peso, virtuosismo e swing na medida certa. O baterista Jeremy Colson tem uma pegada roqueira - que faz juz ao seu visual de cabelo espetado e tatuagens - mas sem perder o groove. Na guitarra de 7 cordas veio o ótimo Dave Weiner, que acompanha Steve há anos. Na turnê brasileira o baixo ficou a cargo de Philip Bynoe que deu um irresistível toque funkeado à banda. A banda também tem 2 violinistas que duelam entre si e dobram melodias da guitarra:
Alex DePue e a belíssima Ann Marie Calhoun, que arrancou suspiros dos marmanjos no recinto.

fonte

Steve Vai tem excelente presença de palco e domina a platéia, interagindo com ela via caretas, bom humor e uma boa dose de atuação. Põe a guitarra no chão e toca com o pé, finge tocar com a língua, dança, brinca com a platéias e com os músicos. Fez uma auto-ironia quando foi cantar e com uma letra que escreveu. Disse algo como "vou cantar, não importam o que vocês digam" para em seguida afirmar jocosamente que é um "artista" e que quer expressar sua "dor", que os presentes estariam lá para ver sua "dor". Para "expressá-la" teria escrito a letra: "Boom Shika-Boom Shika ba-ka-tu-ka (...)" presente na música "Firewall". É sempre bom ver um artista que sabe de seu potencial, mas também relativiza sua própria importância.

Foi ótimo rever músicas como "Tender Surrender", "All About Eve", "The Crying Machine" e ver pela primeira vez "Building The Church", "OOOO", "Now We Run" (a abertura), a louca "Freak Show Excess"e "Taurus Bulba" (o ato final do épico "Fire Garden Suite"). E, claro, não faltou o clássico "For The Love Of God".

Todas as fotos são de autoria de Charline Messa, via flickr

A abertura do show com "Now We Run":



E a seguir a performance de sua mais famosa música "For The Love Of God", no Bourbon:




sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Paralamas e Titãs - Via Funchal - 24 de novembro de 2007


Semana passada fui ao show comemorativo de 25 anos dos Paralamas e Titãs. O Via Funchal estava lotado, como há muito eu não via. A apresentação foi ótima, bem pesada, com hits e conseguiu ser concisa, mesmo com duas bandas e mais de 2 horas de show.

Estiva lá basicamente pelos Paralamas, de quem sou fã há tempos - segundo diz minha mãe desde que tenho 4 anos e dizia que seria roqueiro ao ouvir "Melô do Marinheiro". Crianças...Obviamente não sou um fã cego, não acho que seja a melhor banda do mundo, sei das falhas, das músicas ruins. Mas hoje também percebo certas sutilezas que não enxergava antes, como uma música aparentemente boba como "Lourinha BomBril" pode apresentar um caldeirão bem temperado de ritmos latinos. Tocaram algumas de minhas preferidas como "Caleidoscópio", "Mensagem de Amor" (ambas com Andreas Kisser) e "Ela Disse Adeus".

E ver a evolução do Herbert pós-acidente chega a ser comovente. Executou uma fantástica versão do solo de Lanterna dos Afogados, cantou suas canções e a dos outros com tranquilidade, interagiu com o público...E se confundiu-se na hora de entrar na 2a música (seria "O Calibre" e ele começou "Selvagem") não foi mais do que seus colegas. Ainda dá para ter um pouco de esperança com o ser humando.


O show contou com a participação de Arnaldo Antunes, Andreas Kisser e um emocionado Marcelo Camelo. Todas valeram mais pela celebração, pelo "oba-oba", do que pela contribuição musical.

Como nunca gostei muito de Titãs, destaco a presença de palco do Paulo Miklos e as músicas "Marvin" e "Diversão", que abriu muito bem o show. E apesar de achar a música "A Melhor Banda Dos Tempos Da Última Semana", acho a letra boa, com boas sacadas - ainda que não seja brilhante. Minha frase favorita é "Um idiota inglês é melhor que eu e vocês" que ilustra bem o quanto certa parte da imprensa celebra qualquer lixo que vem da Inglaterra, principalmente se for exaltado pela NME.

Enfim, a noite do dia 24 mostrou que mesmo que essas bandas possam ter passado do seu auge criativo podem fazer grandes shows e ainda nos apresentar boas canções pop. De minha parte, espero isso principalmente dos Paralamas.

Fonte das fotos: paulakorosue, no flickr

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Dando música de graça

A medida do "pague o quanto quiser" do Radiohead pode ser um novo marco do fim do pagamento direto de músicas pelo consumidor, como foi o Napster há 10 anos. De certo modo, ao invés de um "quanto você acha que vale?" é um "estou te tando, só pague se quiser". Até agora, só 38% das pessoas pagou. Não se sabe se isso é bom ou ruim, ainda não há parâmetros comparativos.

O Autoramas, banda brasileira, disponibilizou toda sua discografia para download gratuito. Acho isso tudo uma depreciação da música: todo aquele trabalho da composição ao lançameto acaba não valendo nada. Mas é muito possível que essa seja a nova cara do consumo da música: de forma gratuita, ela acaba sendo sua própria divulgação. Ao invés de tocar em rádio, passar na TV, é só dar um pulo no site e baixar. Uma mídia como CD, USB e afins acaba sendo um cartão de visitas, que se entrega de mão e mão também de graça. Eventualmente os fãs mais fiéis e quem ainda trata a música com mais valor pode comprar.

Isso é reflexo da facilidade de gravação: hoje qualquer um faz música (sabendo ou não tocar um instrumento), provocando um excesso de oferta, banalização e nivelamento por baixo. É quase um paradoxo: quanto mais as pessoas ouvem músicas (youtube, Mp3 player, baixando de graça), quanto mais entram em contato com ela, menos valor absoluto ela tem, menor é impacto gerado. E ainda há uma enorme gama de concorrentes no quesito prazer: video-games, restaurantes, shows, raves, micaretas, e etc, etc, etc.

Pensando bem, no final das contas a maioria da música existente hoje realmente não vale sequer 1 centavo de real.

Aguardemos cenas dos próximos capítulos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Björk no Tim Festival 2007

Retomando o assunto de alguns posts atrás, o Tim Festival 2007, comentando o show da Björk.

Fui para vê-la e não me decepcionei em nada. Foi um ótimo show, tanto em produção quanto na performance. É uma grande cantora e uma artista única. Tenta ser diferenciada sempre, tanto na roupa e imagem quanto na música; está à frente da maioria do que é produzido hoje em música popular – consegue colocar inteligência e sutileza num estilo tão maltratado.

Enquanto muitas cantoras fazem pose de diva e outras querem ser o novo ícone pop (correndo atrás de Madonnas, Britneys, Beyonces e afins), Björk é Björk. Tem personalidade única, é sempre arrojada – inclusive daí saindo seus erros. Há quem ironize suas roupas, mas será que as críticas não são por elas serem diferentes da massificação e padronização que enfrentamos?

Há os que adoram Björk – eu incluso, mas sem cegueira de fanáticos. Há quem odeie – com conhecimento de causa do “ouvi e não gostei”. E há os que dizem gostar sem nunca terem ouvido – só para tentar ser cool – e há os que dizem que odeiam sem sequer ter ouvido um disco. Björk, como toda grande artista, tem várias facetas, muitos acertos e alguns erros, claro. Incentivo as pessoas a ouvirem com atenção, sem preconceito.

Sua postura no palco consegue combinar uma delicadeza, aparente ingenuidade até, com toques de agressividade. E vê-se que ela está lá pela música, não pela exposição. Muita gente não entendeu a apresentação, talvez por estar numa noite mais roqueira, ou por ser diferente, mesmo. Cerca de metade do show foi num clima diferente do disco novo, Volta, que tem sonoridade mais agressiva e suja em boa parte das músicas. Foi mais contemplativo, intimista, mas o gigantismo do evento e da própria produção deu uma quebrada nisso. Teve espaço para Björk ora cantar apenas com teclado (que simulava um cravo), ora acompanhada pela sessão de sopro. Nesse “clima”, minhas preferidas foram “The Pleasure Is All Mine”, “Desired Constellation”, “Hunter”, “Pagan Poetry” e “Jóga”. E também houve tempo para as músicas mais agitadas, como “Earth Intruders”, a chatíssima “Innocence”, “Pluto”, “Declare Independence”, “Army of Me” e a parte final de “Hyperballad”, que, acompanhada de chuva de papel picado, quase transformou o evento numa rave, levando ao delírio até os distraídos – e provando que muita gente estava, mesmo, mais pelo evento do que pela música. Embora tenha ficado a sensação de que ela estava um pouco deslocada naquele contexto, foi um fantástico show.

Fonte das fotos
(usuário wikibjork, no flickr)

domingo, 11 de novembro de 2007

Clássicos Personnalité: Erudito, Jazz e Choro

O projeto Clássicos Personnalité consiste em uma série de concertos de câmara aliados à música popular mundial. A Taís foi ver a abertura, o tango e o primeiro sobre MPB. Eu vi o jazz e o choro. A idéia é realmente interessante: unir o que se costuma chamar de música clássica ao que se chama de música popular – conceitos repletos de preconceitos de ambos os lados. No dia 04 de outubro foi celebrada uma união já conhecida: o clássico e o jazz. Para tanto, foram escalados talentos de diversas gerações e culturas: da pianista croata Sanja Bizjak, de 19 anos a uma figura importante do jazz norte-americano, Lee Konitz, de 80 anos, passando por um de seus grandes parceiros, Ohad Talmor (saxofonista, clarinetista e compositor), 37, francês, filho de israelenses, radicado na Suíça e EUA. Leia mais...

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A "Arte" de matar um cachorro

Pelo blog do Dagomir Marquezi (também publiquei no Subsolo 2) vi que um artista da Costa Rica, Guillermo "Habacuc" Vargas, deixou um cachorro morrer de fome, chamou isso de arte e foi escolhido para representar a Costa Rica na Bienal Centroamericana Honduras 2008. Sua argumentação foi ridiculamente cínica: "O que me importa é a hipocrisia das pessoas. Um animal assim vira o centro das atenções quando está em um local onde as pessoas querem ver arte, mas ninguém ligaria se ele estivesse passando fome nas ruas".

É patético como sob a proteção das palavras "arte", "hipocrisia" e "protesto" o ser humano se permite aberrações como essa. Qual será o próximo passo? Deixar uma criança morrer de fome enquanto os visitantes tomam champagne só para protestar contra o abandono dos meninos de rua? No final, o "artista" conseguiu o que queria: ser comentado.

Para assinar uma petição on line contra sua indicação à Bienal Centroamericana Honduras clique aqui.

Tim Festival 2007 - São Paulo

Semana passada fui ao Tim Festival, na chamada "Arena Anhembi", que não passa do estacionamento do Anhembi. Como sempre, o que prevaleceu foi o "evento" sobre os shows, o gigantismo de marca que prefere entulhar diferentes bandas em horas intermináveis de shows a apresentar boas e enxutas performances.

Cheguei às 20hs e o último show acabou às 5 hs da 2a feira. Totalmente non sense e cansativo. A mescla de bandas também não funcionou. As duas primeiras não tiveram grande público e muita gente não entendeu o show da Bjork. Seria muito mais coerente colocar uma só noite com Julliete and The Licks, Arctic Monkeys e The Killers, alocando os demais para outros locais e dias. Preferia ter visto Bjork numa outra circunstância, num outro clima.

A organização pecou, como usualmente ocorre em eventos de grande porte. Os banheiros eram péssimos: os químicos são sempre ruins, e o contruído - já existente no local - esteve quase sempre alagado. Havia uma grande fila do lado de fora, mas, embora andasse bem, ficou estranho perceber que a partir do acesso à arena em si quase não havia ninguém. Difícil de entender por que não houve organização da fila desde fora. E antes do show do The Killers todas as bebidas acabaram - refresco só a água de torneira do banheiro. Aqui, no blog da Ilustrada, da Folha, reclamações sobre isso e resposta da organização.

Shows

Não vi o 1º show, do Spank Rock, e o 2º, do Hot Chip, vi, mas achei ruim, uma maçaroca sonora. E por problemas no som saíram do palco repentinamente, por cerca de 20 minutos, para voltar depois – comprometeu ainda mais sua apresentação.

- Björk

Vou comentar num post à parte, depois.

- Juliette and the Licks

Foi quase unânime que o show dela foi ótimo. Eu disse quase unânime. Eu já achava, antes de começar, que ia ser fraco, como foi. A banda e ela são esforçadinhas, mas acho a música fraquíssima e ela, vocalmente, também. Só que ela usa a cartilha básica do rock: berrar muito, se jogar no chão, rebolar, mostrar a bandeira do Brasil, ser simpática com o público, puxar o saco das bandas seguintes. E isso engana muita gente. Vou dar uma colher de chá: foi até um show legalzinho, mas fraco de uma maneira geral.

- Arctic Monkeys

Continuo achando excessivos os elogios à banda. É apenas OK. Alguns riffs e músicas até me lembram alguma coisa do Autoramas aqui do Brasil. Mas o show prova um pouco o porquê de tantos elogios: é muito bom, e muito, mas muito melhor que os discos. Foram diretos, fortes, sem lengalenga, sem demagogia com o público. Musicalmente continua não em atraindo, acho repetitivo, o vocal monótono, guitarras em geral fracas, meio “velho” demais, mas provou sua qualidade ao vivo.

- The Killers

Show comprometido por começar às 4 da manhã. Havia vários fãs da banda, então jogaram para torcida. Achei muito ruim. Tinha curiosidade de vê-los, mas parece que só “Somebody Told Me” é boa – e olhe lá. O resto é péssimo, muito brega, popinho barato. O show foi cheio de breguices e excessos - parece que eles querem ser o Queen. Mas não têm um Freddie Mercury. Nem um Brian May. Nem um John Deacon. Nem um Roger Taylor. E nem as música do Queen. No final das contas parece ser uma banda que quer apenas (se) divertir, sem grandes pretensões. Mas até a despretensão tem limite.



domingo, 4 de novembro de 2007

Björk - Hyperballad

Fui no Tim Festival no domingo passado para ver Björk. Depois comento aqui. Por enquanto, um vídeo dela. Uma de minhas músicas favoritas, um de seus maiores sucessos - "Hyperballad" - no programa de Jools Holland, da época do lançamento do disco Post.





quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Por um novo pop, por uma nova música

O que há de novo na música? Mesmo com a revolução da Internet continuamos habituados a consumir certos tipos de música. Seja por uma questão cultural, social, pelo que ouvimos desde sempre, seja pelo que indicam num blog, dica de amigos, os jornais que repetem o que sai no New York Times, na Rolling Stone, na NME, etc, que repetem o que vem por acessoria de imprensa, há o vício da "agenda" (o lançamento, o 'agora' é o que importa), etc. Por mais artistas que conheçamos, sempre seguimos um certo padrão, ou melhor, certos padrões. E há muita coisa que nem tomamos conhecimento - não só pelo excesso de informação, mas pelos tais "padrões", nossos preconceitos.

No momento, o que dizem que "pega" no pop é o que os EUA estão escutando - o hiphop. Então haja participações do chato Timbaland, repetição de beats, idéias, conceitos - tudo fica muito igual, mas querem nos dizer que isso é o que é o bom. Qual a grande diferença musical entre Justin Timberlake, Jay-Z e Nelly Furtado? As diferenças existem, mas estão nos detalhes. As temáticas, batidas, cadências, clips e sons, se repetem. E, claro, não só no pop, em todos os estilos - até mesmo em artistas e estilos que gostamos tanto. Seria essa repetição preguiça? Um sinal dos tempos?

Digo isso, pois achei no You Tube a versão original de uma música que o Jeff Beck gravou no disco You Had It Coming, de 2000. A música se chama "Nadia" e eu acho ótima, tem interpretação sublime:




E a seguir a versão original, numa apresentação de Nitin Sawhney e Reena Bhardwaj
, de 2003. Pelos nossos padrões, temos uma primeira reação de estranhamento com a interpretação da cantora: os traços de seu rosto não são os que estamos acostumados, o tom da voz e as linhas rítmicas e melóticas estão em total "desacordo" com o que nos habituamos a ouvir. Mas eu achei excelente, ainda mais numa abordagem instrumental que mistura pop e eletrônico, mas é tocada ao vivo por músicos!



E a partir disso, estou conhecendo o trabalho de Nitin Sawhney e tenho gostado. É um pop, com influências eletrônicas e de batidas de hip hop - as referências são perceptíveis, mas ele evita os clichês. Tem músicas bem feitas e arranjos caprichadísmos. Uma grata surpresa. A seguir a música "Jorney" do disco Philtre, de 2005. Bela canção, com um clima cinematográfico:




segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Radiohead e o quer pagar quanto

Do Subsolo2: o Radiohead disponibiliza seu novo disco de graça na Internet, ou melhor, paga quem e o quanto quer. Inegavelmente é uma das iniciativas mais interessantes do últimos tempos na tentativa de criar uma nova mentalidade de consumo da música. Mas é preciso fazer algumas observações:

1) É bem mais "fácil" para o Radiohead fazer isso - já tem nome, apoio da crítica e ampla base de fãs. Não sei se uma banda iniciante conseguiria fazer o mesmo;
2) A iniciativa não consegue impedir a "commoditização" da música: é muita oferta e cada vez com mais livre acesso. Assim, o valor agregado da música cai cada vez mais para a massa de consumidores. A "doação" como pagamento só incentiva essa tendência;
3) De início pode surtir resultado. Mas como consequência do item 2, quanto mais artistas aderirem à iniciativa, menos os consumidores estarão dispostos a pagar - olha o excesso de oferta aí de novo.

Repito que é uma bela iniciativa, principalmente vinda de uma banda importante. Mas só com o tempo saberemos quais seu impactos.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Música No Celular

Já disse aqui que acredito que a melhor perspectiva de venda de música é no celular. E também vinha pensando em como o modelo avulso tem problemas. Se você quiser assinar o Sonora do Terra, tem que ser assinante do provedor, ou seja, pagar R$ 15,00 por mês para ter acesso ao conteúdo musical por streaming. E se quiser comprar a música, tem que pagar à parte. Não é uma incongruência? Se o provedor oferece por R$ 15,00 todo o acervo de música MAIS todo o conteúdo do site, como querer vender música avulsa? Qual o valor da música sozinha quando há oferta de todo acervo de entretenimento e informação do Terra por R$ 15,00?


O Imusica, que foi o primeiro site de venda on line do Brasil, percebeu isso. Não concordo com a venda por DRM, mas o site sempre esteve atento às novidades. Agora acena para a venda de assinatura por celular. É esperar para ver.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Insetos e Ateísmo

Um dos motivos para eu não acreditar em Deus é a existência dos insetos. Um Ser tão idôneo, clemente e superior nunca em sã consciência criaria algo tão escroto quanto uma mosca ou irritante como um pernilongo - resolveria a questão da cadeia alimentar de forma mais elegante.

Ou Deus existe, mas nenhuma das religiões acertou em Sua caracterização: Ele, na verdade, seria um piadista nato. Estereótipo do malandro, viveria no Rio de Janeiro e , flamenguista de carteirinha, não dispensaria cerveja, praia e balada. Curtiria um pancadão, Jorge Vercilo e micaretas, falaria ao celular no cinema e soltaria bombinhas para assustar idosos. Ou seja, Deus seria o Joselito.

Só assim para explicar um pernilongo no 5o andar de um prédio no centro poluído de São Paulo à uma da manhã.


segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Dream Theater - New Millenium


Quando o disco Falling Into Infinity foi lançado, em 1997, eu achei um lixo. Hoje até gosto, apesar de não estar entre os melhores discos do Dream Theater. Foi controverso entre os fãs e até entre a banda - pela primeira e única vez sofreram interferência da gravadora nas músicas, que deveriam ter um apelo mais pop. O baterista e líder Mike Portnoy até cogitou sair da banda. Ainda assim tem ótimos momentos (como "Just Let Me Breathe" e "Lines In The Sand") e apresenta alguns dos melhores sons (em termos de gravação) da banda.

A música de abertura não me impressionou na época. Mas hoje considero "New Millenium" uma das suas melhores, com boas melodias, um trabalho instrumental soberbo, com riffs, licks e frases jorrando na música inteira - até mesmo pequenos vislumbres de grooves swingados, raros na banda. Esse vídeo da música, do DVD Live At Budokan, é muito bom. O baixista Jonh Myung toca um Chapman Stick. Clássico!


quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Bjork no Tim Festival

Taí em show que eu queria muito ver: Björk. O problema é que será no TIM Festival:

1) Lugar ruim - acusticamente e na estrutura - para um show como o dela: Anhembi.

2) Preço absoluto: R$ 200,00 é muito, muito caro.

3) Preço relativo: R$ 200,00 reais:

- atrai mauricinhos e patricinhas (isso ainda existe...) que estarão lá mais pelo

"evento", quase nada pela música;

- Os duzentos são o preço normal. A área VIP é R$ 400,00. E provavelmente deve ser na frete do palco. Ou seja, pagando no "normal" você fica atrás da área vip;

- ter que, antes da Björk, aturar lixos "hypados" como Spank Rock e Hot Chip;

- levar de “brinde”, depois, a atriz/cantora Juliette Lewis e outros queridinhos da crítica, que não são nada mais que médios (e olhe lá...): Arctic Monkeys e The Killers.

É, acho que vai ter que ficar para a próxima...


quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Golaço Argentino

Graças ao blog do André Kfouri vejo essa pintura de gol do River Plate. Uma troca de passes sensacional, envolvente. Reparem como a jogada é feita praticamente por só três jogadores, com um quarto chegando. Exemplo de técnica, movimentação e inteligência tática.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Blog Day

O Big, com quem divido um blog, o Subsolo2, me indicou para participar do blog day, no qual os blogueiros indicam visitas a cinco blogs, avisando seus respectivos donos da indicação. Aqui vão os meus:

1) Subsolo2: nasceu para ser um site. A idéia morreu. Anos depois surgiu o blog. Ficou abandonado. Este ano eu e o Big resolvemos voltar à ativa e temos postado sobre assuntos diversos, mas eu foco em futebol, música e Internet.

2) Edu Carvalho: também fez GV, escrevia no Digestivo e agora tem esse blog interessantíssimo, em que fala de quase tudo. Meus posts preferidos são sobre negócios e Internet. Seu comentário Estadão x blogueiros é impagável.

3) Blog do César: descobri acidentalmente num comentário no blog do Daniel Piza. Acessei e gostei. Tem ótimo gosto musical e faz comentários inteligentes sobre séries de TV - algo raro.

4) Dagomir Marquezi: Acompanho ele na Info, lia na Revista da Web. Gosto dos posts de jornalismo e cultura. Posso ficar sabendo de seus projetos como uma peça de teatro que escreveu. Nunca saberia isso de outro modo.

5) A VC: Conheci graças ao já citado Edu Carvalho. O cara é um venture capitalist e mora em Nova York. Não tem nada a ver comigo. Mas os posts sobre negócios e Internet sempre têm um diferencial.


Living Colour no Via Funchal: 30/08/07

Alexandre Schneider/UOL


O Living Colour está virando, num certo - e bom - sentido, um Deep Purple. A banda de Ian Gillan, Roger Glover, Steve Morse, Ian Paice e Don Airey tem vindo ao Brasil a cada dois anos, período em que se repetem as mesmas bobagens na imprensa: notinhas enxarcadas de ironia - dinossauros, passou a época, blábláblá. Comentários padrão com pouco conhecimento de causa. E ainda assim eles enchem os shows, que nunca são menos que excepcionais; eu sempre acho que não pode ser tão bom quanto o anterior, mas é.

Com o Living Colour está acontecendo o mesmo. Retornou ao Brasil há 3 anos, depois de mais de 10. E essa semana nos visitou de novo - e repetiram a sensacional performance. A banda é incrível, consegue como raríssimas outras unir groove e peso, virtuose e canções certeiras. Todos os integrantes não são menos que fenomenais em suas funções, estudiosos e criativos - fica até difícil escolher um destaque. Corey Glover tem voz, carisma e presença de palco fantásticos, Vernon Reid une virtuosismo extremo a belos acordes e texturas sonoras, Doug Wimbish é baixista de um som volumoso e poderoso e o baterista Will Calhoun é sinônimo de groove, precisão e variações rítmicas. Aliás, a banda toda é ótima neste último quesito. Não à toa tem o nome que tem, pois o som é uma explosão de cores, contrapontos melódicos e rítmicos.

O show começou meio confuso. Tentaram tocar "Desperate People" por duas vezes. Na primeira, o microfone de Corey falhou. Na segunda, foi a vez da guitarra parar. O público, que encheu, mas não lotou o Via Funchal, vibrava até com os erros. Depois das duas tentativas, os integrantes fizeram uma mini-reunião e resolveram alterar a música. Foi então que entrou uma veloz versão de "Type", que pode ser vista aqui. O Living Colour tem dezenas de grandes canções, inteligentes musicalmente, com muita pegada, swing devastador e belas melodias. Enfim, musicas marcantes, sem perder a qualidade na execução.


Minhas preferidas no show foram algumas das minhas preferidas em disco: "Type", "Go Away", dedicada ao recém falecido fundador do CGBG, uma aceleredíssima "Time's Up", "Sacred Ground", "Love Rears Its Ugly Head", "Desperate People", a clássica "Cult of Personality" e "Elvis Is Dead", em que Corey Glover, antes de começar a música, chamou o público a gritar com ele "Elvis está morto!", em português, mesmo!

O triste é ter que ler essa matéria no UOL, que faz infeliz comparação do show com o game Guitar Hero, só fala do virtuosismo dos músicos sem sequer ressaltar a qualidade das canções e ainda erra, dizendo que o repertório do show foi calcado no disco Collideoscope, sendo que a única música desse disco foi "Sacred Ground", que já havia sido gravada anteriormente na coletânea Pride. Lamentável.

Outra coisa lamentável foi a atuação dos seguranças percorrendo a pista por todo o show e impedindo os fãs de filmarem com seus celulares. Um trabalho à toa para os funcionários, desagradável para os espectadores e inútil - brigar contra algo que já é realidade.

Para não ficar com duas situações ruins no fim do texto, indico aqui o vídeo deles tocando "Glamour Boys" no Jô, este vídeo de "Cult Of Personality" e a seguir a música "Type", para quem quiser conhecer mais a banda.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

O Brasil precisa de iniciativas como essa.

O Fred Wilson colocou em seu blog um comentário sobre um espaço público de Nova York chamado Pier40 (pertencente ao Hudson River Park Trust) que procura uma nova vocação. Lá ele explica como a comunidade - incluindo ele (que é um venture capitalist) e outros empresários - está empenhada em achar essa vocação unindo investimento privado e público e atenta aos seus respectivos interesses, como o retorno do investimento e as vontades da comunidade. Acho que falta isso no Brasil: a comunidade se organizar para recuperar locais públicos e torna-los importantes e rentáveis. Não esperar só pela boa vontade do goverrno, que nunca chega.

Joost e eu: dificuldades.

Comecei a testar o Joost. Tenho a configuração mínima requerida, que se no Brasil é uma boa máquina nos países mais, digamos, tecnológicos é sucata. Ainda vou tentar usá-lo mais algumas vezes, mas por enquanto vão aqui algumas observações:

1) Lentidão do programa: certamente no Japão, EUA e Europa o Joost deve rodar tranquilamente. Mas não consegui usar se algum outro programa estava rodando - mesmo que não estivesse aberto. Se aberto sozinho, funciona até que bem. Ainda assim, foi difícil de manejar as ferramentes com rapidez.

2) Imagem ruim: Com a banda larga do nosso pobre país a imagem ficou parecendo um streaming de cinco anos atrás, só que em tela cheia: imagem e transmissão picotadas. Quando minha conexão ficou mais estável consegui boa fluência de envio de dados, sem cortes, mas a imagem continuou ruim.

3) Busca confusa: Pelas dificuldades acima não consegui usar todas as ferramentas. Mas não gostei da busca. Os resultados não são precisos. Se eu busco "Guns n Roses" me é retornado apenas o clipe de "Welcome to the Jungle". Os demais resultados devem ser nomes de programas que nunca ouvi falar. Talvez até tenham Guns na sua programação, mas fica difícil saber.

Apesar desses problemas ainda não desisti! Mais comentários nos próximos dias.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Ofício x Formato

Qual a coisa que um jornalista mais teme, mas finge desprezar? Um blogueiro. E o dono do jornal/revista? A Internet. Pois não deveriam nem de longe ter medo de blogs, muito menos da rede virtual. Esperneiam contra isso quando não deveriam; estão confundindo ofício com formato: o ofício de jornalista não vai acabar, o que muda é a forma como ele é feito e consumido. Em primeiro lugar porque, ao menos no Brasil, ainda não há muita gente "bombada" nesse formato. Segundo, um “reles” blog pode oferecer muito a um nicho, mas um jornalista bem preparado pode oferecer muito mais, se entender sobre as ferramentas blog e Internet. Acredito que blogs estão sendo ligeiramente superestimados, não são necessariamente, sozinhos, o futuro e não substituem, claro, uma opinião bem fundamentada, como provam o finado NoMínimo, este Digestivo, entre outros – ainda que, comercialmente, sites de cunho jornalístico não sejam viáveis. O futuro ainda é a Internet, que veio para mudar, sim, mas também para ajudar. Leia mais...

Futebol Irreal


Fico lendo as notícias sobre transações no futebol mundial. Pato vai embora por US$ 20 milhões. Daniel Alves pode ter proposta de mais de 30 milhões de Euros. Futebol espanhol chega perto do gasto de 1 bilhão de reais em reforços, sendo que um jogador nada mais que médio como Diego Forlán "vale" R$ 55 milhões.

Posso entender que seja um processo natural, que dinheiro gera dinheiro, que a inflação de números é que faz os clubes e jogadores ganharem mais, conseguirem patrocínios, cotas de TV e vendas de ingressos e merchandise maiores. Mas é difícil aceitar. Mesmo no Brasil, jogadores reclamam de receber R$ 30 mil por mês, que já é uma quantia altíssima, mesmo para uma profissão com tempo de trabalho pequeno.


O Brasil ainda está num estágio embrionário de futebol-negócio. Mas dificilmente conseguirá alcançar os Europeus. E não apenas por incompetência, baixa renda per capita ou o que quer que seja. Também porque as cifras do futebol atual estão irreais.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Dove Evolution

Num seminário de marcas um palestrante citou o vídeo do Dove Evolution. Hoje saiu no Link, do Estadão. Resolvi ver no youtube e é ótimo, mostra como é produzido, fabricado mesmo, o padrão de beleza atual. A abordagem não é nova, algumas revistas já fizeram, recebi emails com situações parecidas, mas é interessante uma marca de cosméticos usar isso como mote. Vale a pena ver.

Foo Fighters - The Pretender

A melhor coisa da existência do Nirvana foi a possibilidade do surgimento do Foo Fighters. A atual banda de Dave Grohl não vai salvar o mundo, nem traz nada novo. Mas é bem legal e melhor do que muito rock exaltado por uma estranha crítica que venera White Stripes e The Strokes. O novo single, The Pretender, está no myspace deles e é o que se espera: rock bem feito, melódico e com pegada. A banda não tem nenhum virtuoso, mas todos sabem o que estão fazendo. Vale ouvir, pra dar uma animada na 2a feira.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Joost


Pedi e, em menos de uma semana, recebi o convite para o Joost, que promete ser a revolução da utilização de vídeos na Internet. Vou começar a usar e em breve posto minhas impressões. Será que é tudo isso que promete?

domingo, 5 de agosto de 2007

Guinga e sua Casa de Villa

O novo disco de Guinga, Casa de Villa, é uma obra-prima. É o que ilustra com mais precisão sua música e personalidade. Com uma concisão estética de arranjos e com o próprio cantando na maior parte das faixas, consegue retratar mais fielmente que os outros registros (também ótimos!)o universo de Carlos Althier de Souza Lemos Escobar. Ele se formou academicamente como dentista, profissão que exerceu como meio de vida até pouco tempo e foi sempre músico pela música, não pelo trabalho, pelo dinheiro (como se fosse fácil viver de música aqui...), ego, vaidade, reconhecimento ou aplauso. Musicalmente, Guinga segue buscndo a união do erudito ao popular, como fizeram Ernesto Nazareth, Villa-Lobos, Pixinguinha, Tom Jobim, Moacir Santos e tantos outros. Leia mais...

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Ah, esses franceses


Medos privados em lugares públicos é um belo filme. Não é excepcional, mas toca no ponto certo, é sensível. Mostra como somos solitários, frágeis e falíveis, apesar do que aparentamos - ou do que queremos aparentar. Mesmo com um roteiro não muito original - diversos personagens que se interligam de alguma forma, mas não necessariamente se conhecem - consegue passar muitas sutilezas. Ainda que jogada da fita de vídeo seja bem engraçada, o filme é uma expressão da melancolia.

Vôlei, a prova



O vôlei masculino do Brasil é a prova de que os conceitos do post abaixo podem ser realizados. Como no futebol, também tem a maioria dos craques fora do Brasil, mas tem um calendário um pouco melhor, que, se também é apertado, ao menos proporciona a construção e treinamento de um time.

Essa seleção conseguiu a tal união de arte e tática; Bernardinho soube aproveitar o que de melhor há em seus jogadores, a rapidez e técnica, e conseguiu amenizar os pontos fracos, como a altura e tradição de fraqueza tática mudando a forma de jogo e treinando muito. Assim, criou uma escola: um vôlei absurdamente veloz, com grande variação de jogadas, que começa a ser imitado. Que o futebol se espelhe nisso.

Criatividade versus Objetividade?


Tudo bem. O Pan não é um Mundial de Futsal e a Argentina nem de longe é uma Espanha. Mas continua sendo muito bom ver o Falcão jogar. Ele atingiu uma maturidade impressionante e cada vez mais prova que é, sim, possível unir criatividade e objetividade, futebol-arte e aplicação tática. Usando o contexto do futebol, nem estão 100% certos os Dungas da vida, que dizem que o futebol de hoje é competição e marcação - que o resultado é que importa, nem os saudosistas que dizem que a seleção de 82 é a síntese do futebol, que a arte é que importa. O Brasil precisa criar sua própria e nova escola, que possa unir essas duas vertentes. Mas com os craques fora do Brasil e total anti-profissionalismo aqui, fica difícil. E o pior de tudo, o Futsal caminha na mesma trilha.

Vexame?!?



Quando a seleção sub-17 foi eliminada do Pan muita gente disse ser um vexame, vergonha, "timinho". Agora entra na lista do UOL como um dos 5 maiores "papelões". Muito exageradas essas reações.

A regra do futebol masculino no Pan era: jogadores até 20 anos, mais 3 acima dessa idade. Por coincidir com o mundial sub-20, o Brasil optou (assim como a Argentina) por mandar a seleção sub-17. E por mais talentosos que os jogadores fossem - e não são tanto assim, por mais chances que tivessem de conquistar o ouro, encontrariam grande dificuldade ao encontrar garotos de 20 anos. E foi o que aconteceu. O atacante equatoriano Zura, de 24 anos, parecia um gigante perto dos brasileiros e fez a diferença. E, afinal, o Equador acabou campeão.

Nomear a atuação da seleçãozinha de vexame e jogar carga desproporcional de pressão é um pouco demais para garotos de 17 anos.

terça-feira, 24 de julho de 2007

No Limite

caricatura de Mario Alberto (também em blog)

Dificilmente saberemos o que realmente aconteceu entre Bernardinho e Ricardinho. Toda história tem ao menos duas “verdades”. Pelo pouco que foi possível tirar de declarações de ambos, é bem provável que tenha ocorrido um “arranca-rabo” daqueles, aliado a um real desgaste de convivência. Bernardinho pode ter visto em Ricardinho uma liderança negativa, que poderia prejudicar o grupo. Ou pode ter sido uma crise de ego do técnico. Ou de estrelismo do jogador. Ou tudo isso. Ou nada disso. São muitos ou, ou, ou, e se, se, se – pura especulação. Claro que não foi muito bonito o modo como foi feito o corte, mas não imagino que teria sido melhor por telefone.

O mais incrível é a forma como certa parte da imprensa esportiva tratou isso. De repente Bernardinho virou mau-caráter. Uma atuação apenas regular contra o Canadá sucitou teorias. Cheguei a ler que o time, nesse jogo, não “sorriu” em quadra, o que apontaria problemas. Ou que uma atuação abaixo da média de Giba fosse a prova cabal de que sentia falta de Ricardinho em quadra. Ou que Bernardinho não é nada disso. Quando, na verdade, o mais provável dessa atuação não tão boa fosse a “ressaca” do título da Liga Mundial, cansaço de viagem, nervosismo de 1º jogo, uma certa “preguiça” de jogar contra um time um pouco mais fraco e, claro, desentrosamento com um levantador que, se não é novo, não é o usual. Nada como um dia após o outro. A seleção venceu Cuba brilhantemente, focada, com garra – e atuação brilhante de Giba. Bastaram alguns acertos – antes do jogo, aumentando a velocidade da distribuição de jogadas e durante acertando a defesa – para o time deslanchar. Nem tanto ao céu nem tanto à terra. Bernardinho não é burro pelo jogo contra o Canadá nem gênio pelo resultado contra Cuba, nem há garantias de que o Brasil seja campeão com tranquilidade. É autoritário, com todas as virtudes e defeitos que isso trás. Seu curriculum prova que, até hoje, isso tem dado resultado.

Mas acho incrível a infantilidade da imprensa esportiva brasileira. Bernardinho foi de besta a bestial em poucos dias. Era gênio, ótimo caráter, e passou para burro mau caráter num piscar de olhos. Menos, gente, menos. Tem seus prós e seus contras. Espero que essa parte da imprensa (não todos, claro) pare de esmagar fatos para tentar encaixar numa tese e procure analisar todos os fatores envolvidos, com senso crítico, não com opinião exaltada de boteco. É pedir muito?


domingo, 15 de julho de 2007

Don't cry for us Argentina...



Mais uma goleada. Do time brasileiro não há muito o que falar, é o Dunga em campo: limitado, porém esforçado. Mas dá pra falar da Argentina: foi, novamente, superestimada pela imprensa esportiva brasileira. Seu esquema tático é uma versão piorada do pior do Parreira: tocar a bola até achar uma brecha e viver de lampejos de Riquelme e Messi. Quando eles são anulados, vira um time medíocre, burocrático. Muitos equivocados disseram que era o futebol mais bonito da Copa América, chegaram até a falar em futebol-arte - muito mais pelos golaços do que pelo jogo em si. E eles que me desculpem, mas um time com 3 volantes e um zagueiro jogando na lateral esquerda nunca pode chegar a futebol-arte.

Scoop




Scoop é mais uma prova de que um Woody Allen médio ainda é acima da média e é sempre inteligente. Não há novidades em seus filmes (a crítica adorou Match Point, eu achei fraco) e em Scoop há até repetição: como em Escorpião de Jade há o mágico (e até no nome falso ou Scarlett Johansson cria, Jade), como em recentes filmes de Allen a obsessão pelo tema de um "zé mané" tentando entrar num universo elitizado (como em Trapaceiros e Match Point), os personagens interpretados por Allen são sempre obsessivos.

No filme o diretor volta a atuar e está hilário; os diálogos estão afiados com sacadas inteligentes. No filme há uma boa observação: a personagem da nova musa de Woody Allen, Scarlett Johansson, durante uma investigação, é envolvida e se apaixona por um assassino, mas custa a acreditar que ele é, de fato, culpado: como pode um homem tão fino, educado, da alta sociedade cometer um crime frio e premeditado? Ela tenta se auto-enganar, dizendo que as provas não são suficientes. Mas a verdade é que a aparência, o status dele é que a faz esquecer a culpa, e não os fatos. Bela observação da sociedade. Ponto para Allen, sempre preferindo a inteligência, mesmo quando não faz o seu melhor.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Zodíaco


Tipo de filme que gosto. Toda cena é importante e filmada com cuidado; os detalhes são tão vitais quanto o todo. É um filme “completo”: grande direção, fotografia, roteiro, texto, atuações marcantes. Não é um filme, digamos, para todos, pois é longo e lento – é preciso gostar disso, ou ao menos não ter restrições quanto a isso. É menos um filme sobre assassinatos em série e mais um filme sobre a obsessão de quem se deixou levar pela busca ao assassino; passa ao espectador a angústia de quem se envolveu – ou quis se envolver – no caso do assassinato em série, que não foi resolvido até hoje.

O diretor David Fincher – de Seven – realmente sabe como criar um clima!

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Tudo por uma bunda



Assisti "O Cheiro do Ralo". Achei interessante a ridicularização da ganância, do dinheiro e de símbolos de status e poder. O personagem do Selton Mello é – perdoem a palavra – um bosta, obcecado por coisas materiais (toscas), que vive de comprar quinquilharias, explorando desesperados. E se acha o máximo por isso – me lembrou de muita gente que não quer ser, mas mostrar: seja uma casa, um carro, um emprego ou um filho.

Tem, claro, umas 2 cenas de gente pelada e uma de sexo, sendo, então, mais um representante da “Peladice do Cinema Brasileiro”, ou “Pornochanchada Cult”.

Assistir quase em seqüência três filmes nacionais (este e mais “Baixio da Bestas” e “Cão Sem Dono”) me fez perceber algo. O que me incomoda um pouco nos filmes brasileiros – acho que sempre falta alguma coisa, a constância em apresentar atores desconhecidos ou quase amadores, uma certa precariedade técnica (ainda...), é, de certa forma, uma virtude: os diretores, sabendo que dependem de patrocínio (quase sempre da Petrobras) parecem estar revendo (talvez forçosamente) algumas de suas convicções e abraçando essa dificuldade de verba, buscando uma “estética” que esteja adaptada a um orçamento escasso. Isso é, artisticamente, positivo.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Porque gostamos de futebol


Muita gente não se conforma com o fanatismo que pessoas como eu têm em relação ao futebol. Ontem, no jogo Brasil x Chile, tivemos amostras do porquê disso. Depois de quase 90 minutos de futebol horrível, vimos essas duas obras primas. No 2o gol, genial, Robinho matou a bola já dando o drible da vaca; em seguida, quando o zagueiro da cobertura se aproxima pensando que ele continuaria na "correria", o atacante desacelerou, cortou para a esqueda e, no momento certo, aplicou o chute certeiro, de canhota (ele é destro). Isso é arte!

Ainda sobre o NoMínimo

Duas análises interessantes - e distintas - sobre o fim do NoMínimo: o Eduardo Carvalho numa visão bem empresarial das possíveis falhas na administração do site e o Pedro Doria (colunista do Link e NoMínimo) numa declaração que demostra uma parte da realidade: a Internet ainda procura sua forma de dar dinheiro.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

O Fim do NoMínimo

O NoMínimo acabou de vez. Uma pena. Era um dos meus "saites" favoritos, com ótimos colunistas e uma boa proposta. Talvez tenham errado na busca de patrocínio, em contar apenas com apoio de banners ou patrocinadores fixos. E talvez eu não tenha entendido a piada, mas achei meio desnecessário o tom do texto de despedida, quase pedindo esmola. Equívocos à parte, fica a sensação de que o NoMínimo marcou seu nome, marcou uma época.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Baixio das Bestas



O universo do cinema de Cláudio Assis já foi mostrado no bom Amarelo Manga: pobreza, marginalidade, hipocrisia, violência, sexo, decadência. Dessa vez, ao invés de retratar a Recife urbana, mostra uma comunidade no interior do Pernambuco, ainda presa aos vícios da economia latifundiária da cana, já decadente. Ali, um universo de de aparente marasmo permeado por comportamentos conturbados.

Também entra na categoria “cinema de peladice”. Se a maioria das cenas de nudez se encaixa na proposta do filme, achei algumas gratuitas. E, como em Amarelo Manga, é preciso estômago: há três cenas de estupro e vários momentos de exploração infantil.

Achei pelo menos 2 cenas brilhantes: a de abertura e a de encerramento, quando amigos conversam olhando a chuva, numa aparente calmaria, em contraponto ao desfecho da história. Também interessante a do acidente do avô.



Impossível não comparar Baixio das Bestas com Cão Sem Dono, já que são dois filmes recentes elogiados, e que vi com poucos dias de diferença. Prefiro Baixio, que acho mais “completo”: atuações marcantes (incluindo Irandhir Santos, brilhante tanto coadjuvante no filme quanto protagonista em Pedra No Reino), bela fotografia, um filme mais definido, memorável. Mas, certamente, são dois filmes marcantes para o cinema nacional.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

A Torcida Grita


Danilo Moraes e Ricardo Teté venceram o conturbado Festival da TV Cultura de 2005 e, para receber o prêmio, foram contemplados por sonoras vaias pelo público, que já tinha escolhido seu “próprio” vencedor. E é isso o que acho mais chato em festivais: a torcida, que defende suas preferidas por serem supostamente “de qualidade”, mas mais se aproximam de arruaceiros torcedores de futebol do que amantes da música com bobagens como vaia, xingamentos e gritos de ordem. Prêmios valem para os que ganham, mas o que vale mesmo é a apresentação de novos artistas e músicas. Controvérsias a parte, a dupla lançou A Torcida Grita, que apresenta músicas melhores que “Contabilidade”, a vencedora. Os jurados miraram na música e acertaram no disco. Nem sempre (quase nunca) a voz do povo é a voz de Deus.

O CD não veio para salvar a tal da MPB. E se alguém espera uma revolução musical, pode parar por aqui. Mas o disco oferece um punhado de boas canções apenas à espera de serem conhecidas. Se em “Nem Que A Vaca Tussa” e “Sisudo” há um deja vu forte demais de Lenine, em “Arredondamento”, “Tintim”, “Sempitermo”, “Relativismo” e a ótima “Teresa e a Torcida” é mostrada a força da dupla, com boas melodias e letras inteligentes e bem humoradas. “Viva A Vaia”, uma das melhores, mostra boa ironia sobre o festival: “Quem pediu silêncio no Maracanã se engana (...) Quem quiser dar queixa com o ministro aproveite a deixa (...) Quem pediu silêncio ouviu a vaia e viva a vaia”. Um belo tapa musical na cara dos críticos. Viva a vaia!


Ouça “Viva a Vaia”: