sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
White Stripes, Icky Thump e a unanimidade burra
sábado, 15 de dezembro de 2007
Um Bom Ano - Ridley Scott
Um grande diretor é capaz de fazer muito com pouco e acho que Ridley Scott conseguiu nesse filme. Não é só pela história e diálogos que se faz um filme, mas também pela fotografia, condução e montagem do mesmo, e é aqui que reside sua virtude. O diretor faz um belo contraponto entre o visual etéreo, monocromático, artificial do trabalho do personagem - um ambiente acelerado num cenário de designs modernos, corporativos, descartáveis e sem grandes contrastes - e o vinhedo francês que é quente, cheio de cores, cheiros, comidas de sabores distintos, com iluminação viva, tudo num ambiente contemplativo no qual cada canto, cada móvel tem sua história.
É o ponto alto do filme, pois mesmo sem se estar lá para comer, beber ou sentir os cheiros e o clima, é possível absorver isso tudo só assistindo. É o motivo de eu achar filme uma delícia. E o modo como são montadas as lembranças contidas na memória afetiva do personagem por meio de aromas, visões e sensações ajuda a dar um clima caloroso e aconchegante à película. Além das belas mulheres, claro.
São significativas duas seqüências: quando Francis Duflot (Didier Bourdon) diz que Henry afirmara que o sobrinho não era mais confiável porque havia perdido a capacidade de apreciar os pequenos prazeres da vida. E a da reunião final de Max com seu chefe, que se gaba de ter um Cézanne original, mas que fica guardado em seu cofre. O personagem de Crowe pergunta: “Quando você vê o quadro original”? O velho e infinito conflito "ter x ser".
Ainda que não seja um filme genial e tenha falhas, é despretensioso, toca em pontos interessantes e expressa muito bem uma gama diversa de sensações via imagens. Repito: já é um dos meus preferidos. É uma delícia.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Steve Vai - Bourbon Street - 06 de Novembro de 2007
No início do mês passado Steve Vai fez mais um ótimo show em São Paulo, no Bourbon Street. Apesar do palco ser baixo demais - quase não vi sua guitarra - foi sensacional vê-lo num lugar pequeno, só com fãs, podendo até ouvir instrumentos de forma quase "pura", sem o PA - por muitas vezes foi possível sentir a bateria, por exemplo.
Ele foi um dos heróis da minha adolescência e continuo gostando de sua música até hoje, embora com uma energia menor. É um fenomenal guitarrista e muito bom compositor - suas músicas são rocks vigorosos e muitas delas tem melodias, harmonia e estruturas próximas do pop, por serem bastante palatáveis, mas sem apelações. São raríssimos os guitarristas que conseguem ser tão expressivos com o instrumento - ele fala, chora, grita com ela. Há quem seja mais rápido, mais técnico, mais criativo, mais arrojado. Mas não há no rock quem fale por meio guitarra como ele.
É um músico de excessos. Em certos momentos passa do bom gosto para o brega tanto em suas roupas e atuações quanto nas músicas. Talvez por ter surgido nos anos 80 e tocado com ícones de um rock mais pomposo - como David Lee Roth e Whitesnake - tem um lado farofa que às vezes extrapola. Mas faz parte de sua personalidade - é um showman. Na apresentação do Bourbon houve até espaço para esquetes de humor - que pareciam mais uma performance num cassino em Las Vegas do que um show de rock.
Mas, musicalmente, o show do Boubon não trouxe decepção. A banda é fora-de-série, quebrou tudo, quase trouxe abaixo o local, com peso, virtuosismo e swing na medida certa. O baterista Jeremy Colson tem uma pegada roqueira - que faz juz ao seu visual de cabelo espetado e tatuagens - mas sem perder o groove. Na guitarra de 7 cordas veio o ótimo Dave Weiner, que acompanha Steve há anos. Na turnê brasileira o baixo ficou a cargo de Philip Bynoe que deu um irresistível toque funkeado à banda. A banda também tem 2 violinistas que duelam entre si e dobram melodias da guitarra: Alex DePue e a belíssima Ann Marie Calhoun, que arrancou suspiros dos marmanjos no recinto.
Foi ótimo rever músicas como "Tender Surrender", "All About Eve", "The Crying Machine" e ver pela primeira vez "Building The Church", "OOOO", "Now We Run" (a abertura), a louca "Freak Show Excess"e "Taurus Bulba" (o ato final do épico "Fire Garden Suite"). E, claro, não faltou o clássico "For The Love Of God".
Todas as fotos são de autoria de Charline Messa, via flickr
A abertura do show com "Now We Run":
E a seguir a performance de sua mais famosa música "For The Love Of God", no Bourbon: