quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Steve Vai - Bourbon Street - 06 de Novembro de 2007


No início do mês passado Steve Vai fez mais um ótimo show em São Paulo, no Bourbon Street. Apesar do palco ser baixo demais - quase não vi sua guitarra - foi sensacional vê-lo num lugar pequeno, só com fãs, podendo até ouvir instrumentos de forma quase "pura", sem o PA - por muitas vezes foi possível sentir a bateria, por exemplo.

Ele foi um dos heróis da minha adolescência e continuo gostando de sua música até hoje, embora com uma energia menor. É um fenomenal guitarrista e muito bom compositor - suas músicas são rocks vigorosos e muitas delas tem melodias, harmonia e estruturas próximas do pop, por serem bastante palatáveis, mas sem apelações. São raríssimos os guitarristas que conseguem ser tão expressivos com o instrumento - ele fala, chora, grita com ela. Há quem seja mais rápido, mais técnico, mais criativo, mais arrojado. Mas não há no rock quem fale por meio guitarra como ele.


É um músico de excessos.
Em certos momentos passa do bom gosto para o brega tanto em suas roupas e atuações quanto nas músicas. Talvez por ter surgido nos anos 80 e tocado com ícones de um rock mais pomposo - como David Lee Roth e Whitesnake - tem um lado farofa que às vezes extrapola. Mas faz parte de sua personalidade - é um showman. Na apresentação do Bourbon houve até espaço para esquetes de humor - que pareciam mais uma performance num cassino em Las Vegas do que um show de rock.

Mas, musicalmente, o show do Boubon não trouxe decepção. A banda é fora-de-série, quebrou tudo, quase trouxe abaixo o local, com peso, virtuosismo e swing na medida certa. O baterista Jeremy Colson tem uma pegada roqueira - que faz juz ao seu visual de cabelo espetado e tatuagens - mas sem perder o groove. Na guitarra de 7 cordas veio o ótimo Dave Weiner, que acompanha Steve há anos. Na turnê brasileira o baixo ficou a cargo de Philip Bynoe que deu um irresistível toque funkeado à banda. A banda também tem 2 violinistas que duelam entre si e dobram melodias da guitarra:
Alex DePue e a belíssima Ann Marie Calhoun, que arrancou suspiros dos marmanjos no recinto.

fonte

Steve Vai tem excelente presença de palco e domina a platéia, interagindo com ela via caretas, bom humor e uma boa dose de atuação. Põe a guitarra no chão e toca com o pé, finge tocar com a língua, dança, brinca com a platéias e com os músicos. Fez uma auto-ironia quando foi cantar e com uma letra que escreveu. Disse algo como "vou cantar, não importam o que vocês digam" para em seguida afirmar jocosamente que é um "artista" e que quer expressar sua "dor", que os presentes estariam lá para ver sua "dor". Para "expressá-la" teria escrito a letra: "Boom Shika-Boom Shika ba-ka-tu-ka (...)" presente na música "Firewall". É sempre bom ver um artista que sabe de seu potencial, mas também relativiza sua própria importância.

Foi ótimo rever músicas como "Tender Surrender", "All About Eve", "The Crying Machine" e ver pela primeira vez "Building The Church", "OOOO", "Now We Run" (a abertura), a louca "Freak Show Excess"e "Taurus Bulba" (o ato final do épico "Fire Garden Suite"). E, claro, não faltou o clássico "For The Love Of God".

Todas as fotos são de autoria de Charline Messa, via flickr

A abertura do show com "Now We Run":



E a seguir a performance de sua mais famosa música "For The Love Of God", no Bourbon:




Um comentário:

  1. Me arrependo de não ter iso. Já ví outros 3 shows de Steve Vai, sou grande fã. Seu texto é perfeito quando o descreve. Parabéns! Vou recomendá-lo lá no blog.

    http://blogdocesar.blogsome.com

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