terça-feira, 13 de novembro de 2007

Dando música de graça

A medida do "pague o quanto quiser" do Radiohead pode ser um novo marco do fim do pagamento direto de músicas pelo consumidor, como foi o Napster há 10 anos. De certo modo, ao invés de um "quanto você acha que vale?" é um "estou te tando, só pague se quiser". Até agora, só 38% das pessoas pagou. Não se sabe se isso é bom ou ruim, ainda não há parâmetros comparativos.

O Autoramas, banda brasileira, disponibilizou toda sua discografia para download gratuito. Acho isso tudo uma depreciação da música: todo aquele trabalho da composição ao lançameto acaba não valendo nada. Mas é muito possível que essa seja a nova cara do consumo da música: de forma gratuita, ela acaba sendo sua própria divulgação. Ao invés de tocar em rádio, passar na TV, é só dar um pulo no site e baixar. Uma mídia como CD, USB e afins acaba sendo um cartão de visitas, que se entrega de mão e mão também de graça. Eventualmente os fãs mais fiéis e quem ainda trata a música com mais valor pode comprar.

Isso é reflexo da facilidade de gravação: hoje qualquer um faz música (sabendo ou não tocar um instrumento), provocando um excesso de oferta, banalização e nivelamento por baixo. É quase um paradoxo: quanto mais as pessoas ouvem músicas (youtube, Mp3 player, baixando de graça), quanto mais entram em contato com ela, menos valor absoluto ela tem, menor é impacto gerado. E ainda há uma enorme gama de concorrentes no quesito prazer: video-games, restaurantes, shows, raves, micaretas, e etc, etc, etc.

Pensando bem, no final das contas a maioria da música existente hoje realmente não vale sequer 1 centavo de real.

Aguardemos cenas dos próximos capítulos.

2 comentários:

  1. Eu concordo. A maioria das músicas por aí não vale nada! Aquele "pa parrapara" horripilante do comecinho do Tropa de Elite toca incansavelmente no rádio aqui do escritório. Não adianta trocar de estação. Ela toca assim mesmo! Afinal, com jabá ou sem jabá, é o que "dá ibope" não é mesmo?

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  2. A análise está corretíssima! Concordo integralmente!
    A música perde o valor à medida em que há muita oferta e a procura é limitada. Pior: a oferta é ruim.
    Acho o lance do Radiohead uma coisa politicamente correta e marketeira. Eles podem, pois lotam shows, são independentes famosos. Aliás, apenas independentes famosos e independentes desconhecidos podem fazer isso. O pessoal do miolo, que depende de contrato com gravadora e suporte técnico, não pode.
    No fundo, todo processo evolutivo tem momentos questionáveis. Pra mim, esta decisão do Radiohead é questionável e tende a se perder no tempo.

    Cesar
    blogdocesar.blogsome.com

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