segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Björk no Tim Festival 2007

Retomando o assunto de alguns posts atrás, o Tim Festival 2007, comentando o show da Björk.

Fui para vê-la e não me decepcionei em nada. Foi um ótimo show, tanto em produção quanto na performance. É uma grande cantora e uma artista única. Tenta ser diferenciada sempre, tanto na roupa e imagem quanto na música; está à frente da maioria do que é produzido hoje em música popular – consegue colocar inteligência e sutileza num estilo tão maltratado.

Enquanto muitas cantoras fazem pose de diva e outras querem ser o novo ícone pop (correndo atrás de Madonnas, Britneys, Beyonces e afins), Björk é Björk. Tem personalidade única, é sempre arrojada – inclusive daí saindo seus erros. Há quem ironize suas roupas, mas será que as críticas não são por elas serem diferentes da massificação e padronização que enfrentamos?

Há os que adoram Björk – eu incluso, mas sem cegueira de fanáticos. Há quem odeie – com conhecimento de causa do “ouvi e não gostei”. E há os que dizem gostar sem nunca terem ouvido – só para tentar ser cool – e há os que dizem que odeiam sem sequer ter ouvido um disco. Björk, como toda grande artista, tem várias facetas, muitos acertos e alguns erros, claro. Incentivo as pessoas a ouvirem com atenção, sem preconceito.

Sua postura no palco consegue combinar uma delicadeza, aparente ingenuidade até, com toques de agressividade. E vê-se que ela está lá pela música, não pela exposição. Muita gente não entendeu a apresentação, talvez por estar numa noite mais roqueira, ou por ser diferente, mesmo. Cerca de metade do show foi num clima diferente do disco novo, Volta, que tem sonoridade mais agressiva e suja em boa parte das músicas. Foi mais contemplativo, intimista, mas o gigantismo do evento e da própria produção deu uma quebrada nisso. Teve espaço para Björk ora cantar apenas com teclado (que simulava um cravo), ora acompanhada pela sessão de sopro. Nesse “clima”, minhas preferidas foram “The Pleasure Is All Mine”, “Desired Constellation”, “Hunter”, “Pagan Poetry” e “Jóga”. E também houve tempo para as músicas mais agitadas, como “Earth Intruders”, a chatíssima “Innocence”, “Pluto”, “Declare Independence”, “Army of Me” e a parte final de “Hyperballad”, que, acompanhada de chuva de papel picado, quase transformou o evento numa rave, levando ao delírio até os distraídos – e provando que muita gente estava, mesmo, mais pelo evento do que pela música. Embora tenha ficado a sensação de que ela estava um pouco deslocada naquele contexto, foi um fantástico show.

Fonte das fotos
(usuário wikibjork, no flickr)

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