quinta-feira, 5 de julho de 2007

Tudo por uma bunda



Assisti "O Cheiro do Ralo". Achei interessante a ridicularização da ganância, do dinheiro e de símbolos de status e poder. O personagem do Selton Mello é – perdoem a palavra – um bosta, obcecado por coisas materiais (toscas), que vive de comprar quinquilharias, explorando desesperados. E se acha o máximo por isso – me lembrou de muita gente que não quer ser, mas mostrar: seja uma casa, um carro, um emprego ou um filho.

Tem, claro, umas 2 cenas de gente pelada e uma de sexo, sendo, então, mais um representante da “Peladice do Cinema Brasileiro”, ou “Pornochanchada Cult”.

Assistir quase em seqüência três filmes nacionais (este e mais “Baixio da Bestas” e “Cão Sem Dono”) me fez perceber algo. O que me incomoda um pouco nos filmes brasileiros – acho que sempre falta alguma coisa, a constância em apresentar atores desconhecidos ou quase amadores, uma certa precariedade técnica (ainda...), é, de certa forma, uma virtude: os diretores, sabendo que dependem de patrocínio (quase sempre da Petrobras) parecem estar revendo (talvez forçosamente) algumas de suas convicções e abraçando essa dificuldade de verba, buscando uma “estética” que esteja adaptada a um orçamento escasso. Isso é, artisticamente, positivo.

Um comentário:

  1. Gostei muito desse filme, mas concordo que há alguns exageros.

    Acho que o cinema nacional passa por um eterno dilema: copiar os passos de Hollywood, comercialmente falando, ou criar uma identidade própria, meio "suja". É uma decisão complicada.

    http://blogdocesar.blogsome.com

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