terça-feira, 24 de julho de 2007

No Limite

caricatura de Mario Alberto (também em blog)

Dificilmente saberemos o que realmente aconteceu entre Bernardinho e Ricardinho. Toda história tem ao menos duas “verdades”. Pelo pouco que foi possível tirar de declarações de ambos, é bem provável que tenha ocorrido um “arranca-rabo” daqueles, aliado a um real desgaste de convivência. Bernardinho pode ter visto em Ricardinho uma liderança negativa, que poderia prejudicar o grupo. Ou pode ter sido uma crise de ego do técnico. Ou de estrelismo do jogador. Ou tudo isso. Ou nada disso. São muitos ou, ou, ou, e se, se, se – pura especulação. Claro que não foi muito bonito o modo como foi feito o corte, mas não imagino que teria sido melhor por telefone.

O mais incrível é a forma como certa parte da imprensa esportiva tratou isso. De repente Bernardinho virou mau-caráter. Uma atuação apenas regular contra o Canadá sucitou teorias. Cheguei a ler que o time, nesse jogo, não “sorriu” em quadra, o que apontaria problemas. Ou que uma atuação abaixo da média de Giba fosse a prova cabal de que sentia falta de Ricardinho em quadra. Ou que Bernardinho não é nada disso. Quando, na verdade, o mais provável dessa atuação não tão boa fosse a “ressaca” do título da Liga Mundial, cansaço de viagem, nervosismo de 1º jogo, uma certa “preguiça” de jogar contra um time um pouco mais fraco e, claro, desentrosamento com um levantador que, se não é novo, não é o usual. Nada como um dia após o outro. A seleção venceu Cuba brilhantemente, focada, com garra – e atuação brilhante de Giba. Bastaram alguns acertos – antes do jogo, aumentando a velocidade da distribuição de jogadas e durante acertando a defesa – para o time deslanchar. Nem tanto ao céu nem tanto à terra. Bernardinho não é burro pelo jogo contra o Canadá nem gênio pelo resultado contra Cuba, nem há garantias de que o Brasil seja campeão com tranquilidade. É autoritário, com todas as virtudes e defeitos que isso trás. Seu curriculum prova que, até hoje, isso tem dado resultado.

Mas acho incrível a infantilidade da imprensa esportiva brasileira. Bernardinho foi de besta a bestial em poucos dias. Era gênio, ótimo caráter, e passou para burro mau caráter num piscar de olhos. Menos, gente, menos. Tem seus prós e seus contras. Espero que essa parte da imprensa (não todos, claro) pare de esmagar fatos para tentar encaixar numa tese e procure analisar todos os fatores envolvidos, com senso crítico, não com opinião exaltada de boteco. É pedir muito?


Um comentário:

  1. Quando anunciaram o corte, todo mundo ficou meio espantado, porque afinal de contas, ele era o capitão do time. Ele fez muito bem em dar sua explicação uma vez e avisar que não falaria mais sobre o assunto. Os outros jogadores também. O foco agora é a medalha de outro e ponto final. Só que se o ouro não vier, já dá até pra prever o que a imprensa vai falar...

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