terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Em defesa de "Capitu", a microssérie de Luiz Fernando Carvalho



Achei ótima a microssérie "Capitu", que acabou no último Sábado. E discordo da maioria das críticas que vem sofrendo, principalmente ao fato de supostamente não ser fiel a "Dom Casmurro" no que se refere ao perfil psicológico dos personages - já que no texto e estrutura foi bem próxima. Na abertura da série já fica claro que tem Machado como base, mas é outra coisa. Pois não aparece nem como "adaptação" ou "baseado em", mas sim como "a partir de". Ou seja, é mais uma mostra de que "Capitu" pegou algo de Machado, mas tem muito mais a mão do roteirista Euclydes Marinho e do diretor Luis Fernando Carvalho. A maioria das críticas é pela séria sentir fallta do humor de Machado, por ter carregado demais no drama e por retratar um Bentinho mais emotivo, "vivo" e arrependido - o que não ocorre no livro. Concordo - inclusive o "meu" José Dias não era tão afetado, nem Tio Cosme tão bonachão. Mas, de novo, não é Machado (e nem precisa), mas sim a opção que os autores da série escolheram - goste-se ou não.


A linguagem pode ser chata para muita gente, mas eu gostei. Sim, às vezes pecou pelo excesso e por uma edição irregular - por vezes apressada demais - mas é uma abordagem interessante e uma opção clara desde o primeiro "Quadrante": A Pedra do Reino. E o visual foi deslumbrante. Ponto positivo para a Globo em manter um horário (quase) padrão, próximo às 23hs, diferente dos horários tresloucados que prejudicaram "A Pedra do Reino". E não teve os problemas de som desta, pelo fato de ter sido feita em estúdio. A Capitu quando jovem foi ótima, bem como o José Dias. Maria Fernanda Cândido é linda e esforçada, mas não manteve o nível da Capitu nova. Os Bentinhos também estiveram muito bem, dentro da proposta apresentada para o personagem. E a trilha sonora, ótima, mesclou rock, pop e música clássica. Vejo o saldo como extremamente positivo: uma série arrojada, intensa, inovadora, sem par na TV brasileira (quiçá mundial) e que não teve medo de erra, muito menos de mexer com um cânone da literatura nacional - é sempre bom ver um desses tais cânones "provocados" de alguma forma. De novo, ponto para Luiz Fernando Carvalho.

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