sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Living Colour no Via Funchal: 30/08/07

Alexandre Schneider/UOL


O Living Colour está virando, num certo - e bom - sentido, um Deep Purple. A banda de Ian Gillan, Roger Glover, Steve Morse, Ian Paice e Don Airey tem vindo ao Brasil a cada dois anos, período em que se repetem as mesmas bobagens na imprensa: notinhas enxarcadas de ironia - dinossauros, passou a época, blábláblá. Comentários padrão com pouco conhecimento de causa. E ainda assim eles enchem os shows, que nunca são menos que excepcionais; eu sempre acho que não pode ser tão bom quanto o anterior, mas é.

Com o Living Colour está acontecendo o mesmo. Retornou ao Brasil há 3 anos, depois de mais de 10. E essa semana nos visitou de novo - e repetiram a sensacional performance. A banda é incrível, consegue como raríssimas outras unir groove e peso, virtuose e canções certeiras. Todos os integrantes não são menos que fenomenais em suas funções, estudiosos e criativos - fica até difícil escolher um destaque. Corey Glover tem voz, carisma e presença de palco fantásticos, Vernon Reid une virtuosismo extremo a belos acordes e texturas sonoras, Doug Wimbish é baixista de um som volumoso e poderoso e o baterista Will Calhoun é sinônimo de groove, precisão e variações rítmicas. Aliás, a banda toda é ótima neste último quesito. Não à toa tem o nome que tem, pois o som é uma explosão de cores, contrapontos melódicos e rítmicos.

O show começou meio confuso. Tentaram tocar "Desperate People" por duas vezes. Na primeira, o microfone de Corey falhou. Na segunda, foi a vez da guitarra parar. O público, que encheu, mas não lotou o Via Funchal, vibrava até com os erros. Depois das duas tentativas, os integrantes fizeram uma mini-reunião e resolveram alterar a música. Foi então que entrou uma veloz versão de "Type", que pode ser vista aqui. O Living Colour tem dezenas de grandes canções, inteligentes musicalmente, com muita pegada, swing devastador e belas melodias. Enfim, musicas marcantes, sem perder a qualidade na execução.


Minhas preferidas no show foram algumas das minhas preferidas em disco: "Type", "Go Away", dedicada ao recém falecido fundador do CGBG, uma aceleredíssima "Time's Up", "Sacred Ground", "Love Rears Its Ugly Head", "Desperate People", a clássica "Cult of Personality" e "Elvis Is Dead", em que Corey Glover, antes de começar a música, chamou o público a gritar com ele "Elvis está morto!", em português, mesmo!

O triste é ter que ler essa matéria no UOL, que faz infeliz comparação do show com o game Guitar Hero, só fala do virtuosismo dos músicos sem sequer ressaltar a qualidade das canções e ainda erra, dizendo que o repertório do show foi calcado no disco Collideoscope, sendo que a única música desse disco foi "Sacred Ground", que já havia sido gravada anteriormente na coletânea Pride. Lamentável.

Outra coisa lamentável foi a atuação dos seguranças percorrendo a pista por todo o show e impedindo os fãs de filmarem com seus celulares. Um trabalho à toa para os funcionários, desagradável para os espectadores e inútil - brigar contra algo que já é realidade.

Para não ficar com duas situações ruins no fim do texto, indico aqui o vídeo deles tocando "Glamour Boys" no Jô, este vídeo de "Cult Of Personality" e a seguir a música "Type", para quem quiser conhecer mais a banda.

Um comentário:

  1. Estive lá!

    Aliás, meu terceiro show do Living Colour. Todos fantásticos.

    A resenha está perfeita! Recomendarei no blog, pois não tenho tido tempo de escrever. E está tão boa e fiel aos fatos, que não conseguiria fazer melhor.

    Abraço!

    Cesar

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